Tenho estado longe daqui, deste blog claro, desde o dia das eleições presidenciais, e agora faz-se tarde para escrever qualquer comentário que acrescente muito mais ao que tem sido dito e escrito, do muito que vou vendo e lendo, sobretudo aquilo que está mais próximo da minha visão política e ideológica. Mas, duas ou três coisas podem ser acrescentadas:
1) Ao contrário do que afirma Louçã, no Expresso/Economia, não é só Ana Gomes que é responsável pela derrota da esquerda, também o Bloco deveria a seu tempo ter negociado uma convergência, sabendo-se do desgaste de Marisa Matias;
2) Dizer que os votos de Ana Gomes (em quem votei) não servirão para nada é aceitar a vitória de Marcelo como destino inevitável de muitos cidadãos que querem alterações de governação, com o estado social como desiderato. Aliás, a recente notícia de solicitação à Procuradoria Geral da República, entregue por Ana Gomes, para que aquela entidade investigue o programa, a prática e o financiamento do Chega, enquanto organização racista e xenófoba, neo-fascista, mostra que o meu voto (e o de 13% dos votantes) pode não cair em saco roto.
3) Combater o fascismo emergente na sociedade portuguesa é um dever de todos os democratas. Mas afirmar que esse combate só se faz no plano das ideias, ou no campo da educação e manipulação ideológica é um ‘erro’ de Costa e de todos aqueles que o afirmam. Há que combater esta besta crescente antes que sejamos todos engolidos. Quem viveu e lutou em ditadura, e ajudou a construir Abril na rua, sabe-o bem.
4) Dizer que no Alentejo o PC não perdeu votos para a extrema-direita, esconde um facto: a prática titubeante e dogmática do PCP (apesar dos seus detratores a considerarem tão coerente) que nem sequer conserva os seus velhos eleitores e perde em toda a linha nas principais cidades onde o latifúndio já não conta e os proletários rurais são conceito do passado.
Atualização (5fev): Entretanto Vital Moreira, no Causa Nossa, contesta a eficácia jurídica e política do pedido de apreciação da legalidade do Chega.