Há
tempo que se estranha a ausência de José Carlos Fernandes (JCF) dos escaparates
da banda desenhada. Autor multipremiado, gosto de o definir como um ilustrador
de textos. O seu desenho a sépia é lesto e rigoroso, mas os textos que o
explicam são de uma suprema sabedoria, resultado de muita leitura e pesquisa
organizada, sobretudo nos campos da literatura e da música. Depois de uma
prolífica obra, donde se destaca o conjunto de volumes intitulado «A Pior Banda
do Mundo», JCF publicou, com desenhos de Roberto Gomes, «Mar de Aral» (G. Floy Studios, 2019),
antologia de contos escritos durante vários anos, e que
provavelmente significa a despedida de JCF da BD como ilustrador. Desde há
algum tempo, podemos ler as suas
crónicas (algumas como ensaios) no jornal online Observador, sobre livros, música (jazz e clássica - JCF é
um melómano inveterado) e os temas da universalidade. Sobre a pandemia,
escreveu um dos melhores textos que li, baseado nos conceitos económicos e
literários de ‘cisne branco’ e ‘cisne negro’.