João Bernardo, um conhecido ensaísta marxista, que refiro aqui com frequência, por via dos seus profundos textos no coletivo Passa Palavra (PP), ou pela dimensão da sua obra de renascimento crítico de Marx, entra de vez em quando na análise da arte. E não é uma arte assética, vista do ponto de vista da expressão artística per si, mas ligando-a à comunicação narrativa dos valores da humanidade, aqueles que nos trouxeram ao processo civilizacional. A sua análise do quadro de Velázquez, intitulado «Las Meninas», publicado recentemente no PP, é o resultado de uma exegese crítica de grande fôlego, texto que deveria ser lido por todos os professores e estudantes de arte.
Excluindo, portanto, a arte chinesa, não hesito em classificar Las Meninas como a obra cimeira de toda a história da pintura.