segunda-feira, julho 31, 2023

As medusas e o projeto GelAvista do IPMA


Há alguns anos que eu e a minha mulher contribuímos na monitorização do projeto ‘GelAvista’, do IPMA, que pretende assinalar e identificar os diversos organismos gelatinosos que arrostam nas praias e costas do continente e das ilhas. De manhã cedo, quando a praia verdadeiramente apetece e tem sentido respirar o iodo matinal, quer a maré esteja na vazante ou na enchente, as medusas livres navegam nas águas tépidas para encontrar o seu fim de vida, depois do seu desenvolvimento habitual.

Já identificamos, sobretudo na Praia da Falésia, entre a Ribeira de Quarteira e a Praia das Abelharucas, mais de duas centenas, de diversas espécies e tipos, sobretudo a mais comum nas nossas águas, a ‘medusa-tambor’ (Rhizostoma luteum), assim chamada pela cápsula arredondada em forma do instrumento de percussão. Na foto, mostramos uma das maiores medusas já observadas, ainda ontem, na Praia da Rocha Baixinha/Falésia, pelas 9h15, com 70 cm de diâmetro.

 

segunda-feira, julho 10, 2023

Kafka, contos e a alegoria dos ratos


Do livro «Bestiário de Kafka» - seleção de contos maravilhosos, absurdos, ou canonizados de “fantásticos” -, guardei da sua leitura há tempos (meses?), uma fotografia da página final do conto ‘Josefina, a cantora, ou o povo dos ratos’, para salientar a alegoria final do conto que trata dos ratos; recorde-se que o livro insere apenas contos nos quais as personagens definidoras são sempre animais.

Josefina, uma rata-cantora que não sabe ou não consegue cantar, como todo o seu povo trabalhador, apenas guincha na alma, alcançando o esplendor único de ser privilegiada entre miseráveis que apenas a escutam e aplaudem. Mas, tal como todos os privilegiados, será inexoravelmente salva e também esquecida pela história, a que nenhum rato-narrador se dedica… A ler meus amigos!