Diz Alberto Manguel, na Revista do Expresso de 19 de fevereiro, que neste confinamento em Lisboa, tomou verdadeira ‘consciência de si’. Em texto autobiográfico maravilhoso – como são todos os seus escritos literatos – recorda os confinamentos atrozes de uma sua ama de infância, salientando que o facto de estarmos fechados só demonstra que os outros lá fora, à porta, ou no encontro fugaz, é que nos dão a certeza da nossa consciência. Há dias, numa incursão à praça de peixe em Loulé, também dei conta de que um encontro com o amigo Manel, junto da banca recheada de peixe fresco, à conversa sobre o destino do pescado que sobra, me tinha trazido a tal ‘consciência de mim’, um sentido de que alguém lá fora preenche também a sua ‘consciência’.