sábado, agosto 21, 2021

Fugir ao vendaval em Sagres

Os ventos predominantes de sudoeste, em Sagres, obrigam a um jogo de cintura, literalmente, em busca da melhor posição para o enfrentar de costas. Como as caravelas do século XV que partiram de Lagos e por aqui navegaram. Por estes dias, com o acrescento de uma nortada de mais de 30 km, é necessário fugir ao vento agreste e a areia voando pelo ar, procurando as praias a oeste, bem no fundo da arriba protetora.

segunda-feira, agosto 16, 2021

Medusas no IPMA

 (Medusa-tambor na praia da Falésia/Albufeira)

Todos os anos, entre junho e setembro, as medusas visitam as costas atlânticas, arrostando-se até às areias das praias, surpreendendo os banhistas que circulam curiosos ou ignorantes. Conheço estas ‘alforrecas’ desde criança na Praia da Rocha, e por estes dias ou anos de maior consciência estas gelatinosas podem passar a ‘medusas’, alvo de estudo do Projeto GelAvista do IPMA. A nossa preocupação é só uma: fotografar, alertar alguns curiosos mais destemidos para a preocupação com as urticárias provindas dos seus tentáculos, e sobretudo mostrar que não é nenhuma caravela portuguesa, a mais temida e venenosa das que nos visitam esporadicamente. Depois, é enviar para o projeto as imagens das belas medusa-tambor (Rhizostoma luteum).

sexta-feira, agosto 13, 2021

O canto das cigarras e o verão

O fenómeno é conhecido, sobretudo ao entardecer ou nos períodos de maior calor. Hoje, porém, acordei muito cedo, com o canto das cigarras macho em sinfonia de metais em busca do acasalamento. As caixas de ressonância dos estômagos destes insetos, ao receberem os vibratos das suas membranas, emitem os conhecidos sons contínuos e significativos de calor e afeto de verão.


 

domingo, agosto 08, 2021

A Revolução e a Hotelaria caseira

Loulé é um jornal de promoção do executivo da Câmara de Loulé. Cada partido no poder tem, nas suas mãos, a oportunidade de o manter e a imprensa – aparelho ideológico por excelência, ainda por cima de borla – é um meio de manipulação política usado por quem sabe. No seu último número (4/julho 21) o destaque vai para a entrevista a João Soares, diretor do Hotel Dom José, de Quarteira. A certa altura o entrevistado conta a sua história empresarial e reafirma o mito da desgraça do PREC: «Durante o período da revolução, em que a hotelaria ficou completamente parada, passamos por dificuldades» (p. 15). Ora, não só a teoria o desmente, como também o método empírico. Acontece que nessa altura, entre 1978-1980, trabalhei na contabilidade do hotel vizinho, o Quarteira-Sol, que mesmo com as reivindicações justas dos  trabalhadores, conseguiu ser um exemplo para outros capitalistas. Como delegado sindical, e candidato ao Sindicato da Hotelaria, pude testemunhar a dinâmica de outros empreendimentos, casos do Hotel Dona Filipa ou da Aldeia do Mar, entre tantos. Culpar a  revolução pela desgraça da gestão do hotel Dom José não é de bom tom e indica uma reescrita perigosa da história.