quinta-feira, abril 29, 2021

Carlos Carvalhal educa Sérgio Conceição

Pinto da Costa desculpa o seu treinador, com a máxima troglodita de olho por olho, acusando a arbitragem de não marcar penaltis no jogo de que tanto se fala. Pinto da Costa também não viu agressão nenhuma ao jornalista da TVI, ele que estava mais perto so que Vitor Baía, que interveio mesmo que receoso. Tudo isto mereceu a censura do treinador do Braga que, num discurso educado, mostrou que Sérgio Conceição é um belo exemplo para os treinadores, para os jovens, e sobretudo para o seu filho, que joga na sua equipa.

terça-feira, abril 27, 2021

Futebol Clube do Porto

Não vale a pena esconder o que se passou com a agressão ao jornalista da TVI, após o jogo entre Moreirense e FC Porto. Está lá tudo, nas imagens que correm na TVI e na Sport Tv. Não me digam que Pinto da Costa nada tem a ver com esta cultura de agressão e violência, ou de que o energumeno agressor não fazia parte da comitiva do FC Porto. Uma marca que indigna o clube e a cidade do Porto.

Mourinho recupera?

Martim Silva, na secção 'A semana' no último "Expresso", pergunta se Mourinho perdeu o toque ou ainda recupera?, a propósito do seu novo despedimento milionário do clube londrino Tottenham. Resposta: Mourinho já não recupera há muito. Foi rei no tempo de cegos, quando os treinadores geniais nada sabiam de agitação e propaganda e de finanças.

domingo, abril 25, 2021

25 de Abril de 2021

                                           

              À sombra de uma azinheira, que já não sabia a idade...

 

sexta-feira, abril 23, 2021

Afonso Cruz e as «Flores»

«Flores», de Afonso Cruz, foi uma surpresa inicial. Uma escrita à flor da pele, sem preocupações de ferir suscetibilidades arcaicas e com a dinâmica dos diálogos no texto narrativo. O senhor Ulme é o tronco da história, um burguês literato que amou Margarida, uma das irmãs Flores, hoje uma cantora de fado que filosofa sobre uma existência imaginada. As outras irmãs Flores, Dália e Violeta, servem para deixar os maridos contarem histórias terrenas ao narrador desta história, que tem na sua filha Beatriz a grande leitora da linguagem anacrónica de Ulme e a intermediária de amores e desamores do mundo moderno. Espero ter tempo para outras leituras do autor.


 

quinta-feira, abril 22, 2021

A Fronda que estimula o futebol

Rui Bebiano – também um adepto do futebol de adeptos - escreve sobre o tema da Fronda, que assolou os protestos contra a criação de uma superliga milionária e destruidora do futebol.

quarta-feira, abril 21, 2021

Clubes dos magnatas recuam, para avançar mais tarde?

A maioria dos clubes de futebol, detidos por magnatas da finança que estão cagando para o futebol e para os adeptos do jogo, recuou e desistiu da novel-morta superliga, deixando apenas na bolsa Real Madrid e Barcelona. A pressão dos adeptos e as manifestações nos estádios, desfeitearam a jogada dos capitalistas das empresas de futebol que provavelmente vão atacar, quando sentirem o desprestígio da UEFA e da FIFA, algo que se espera para breve.

Arquivo Municipal de Loulé Joaquim Romero Magalhães

A Câmara de Loulé atribuiu o nome do investigador e professor louletano Joaquim Romero Magalhães ao Arquivo Municipal de Loulé. Fecha-se assim um ciclo de homenagens ao distinto investigador, a quem dediquei o meu último artigo publicado na revista al-ulià (nº 22, 2020), sobre histórias de resistência popular no Algarve. Dele, li com prazer os livros sobre o Algarve económico dos séculos XVI-XVIII, recordando-me do seu pai Joaquim Magalhães, com quem privei muito em Faro, nas lides culturais.

terça-feira, abril 20, 2021

As mafias do futebol

No jogo da Premier League, entre Leeds United (clube que admiro desde adolescente, quando dava espetáculo em cada jogo, algo que ainda faz) e Liverpool, os jogadores suplentes exibiram nas suas camisolas a frase: «O futebol é dos fãs!». Uma tarja nas bancadas afirmava que o Liverpool se quiser pertencer à elite mundial do futebol tem que ganhar no campo e não através da sua finança. Tudo isto a propósito da jogada dos monopólios financeiros do futebol, vulgo clubes da Champions, que estão mortinhos para criar uma super liga, em recinto fechado, para ganhar milhões para distribuir pelas contas offshore das mafias russa, chinesa ou espanhola. Florentino Perez, dono do Real Madrid, já veio chorar na televisão, a mostrar a sua pobreza, e a criticar a alternativa dos outros pobres que gerem a UEFA. A explicação deste golpe é muito bem argumentada por Vicente Ferreira no blogue Ladrões de Bicicletas.

Mourinho, o 'special one'

José Mourinho, o special one (com letra pequena), foi despedido de novo, desta vez do Tottenham, clube onde apenas se qualificou para a final da Taça da Liga Inglesa, que nem vai disputar. Diz o povo que, quem muito sobe o cu lhe aparece; ou que quanto mais alto se vai maior é a queda. Mourinho, vaidoso como ninguém, já há tempo atrai as desgraças daqueles ditados populares, que ele conhecerá de Setúbal, onde nasceu. Em tempos já lhe vaticinara um final pouco feliz (lembro de ter discutido isto com adeptos mais que ferrenhos), e nessa altura apenas  obteve alguns êxitos na volta ao Chelsea. Agora, depois de ter sido corrido do United, onde Solsjkaer já conquistou a 2ª posição, é despachado do Tottenham. Pois, pois…

segunda-feira, abril 19, 2021

Os falhanços da Operação Marquês

 

Depois de tantas horas de debate e de reflexão sobre a Operação Marquês, deixo a opinião de Daniel Oliveira, no «Expresso».

 

OS MEGAFALHANÇOS

Quando o Ministério Público nos quer contar a história de um crime que envolva “poderosos”, parece aquelas pessoas que perderam a capacidade de síntese. Seguem dezenas de caminhos, acabando por perder o fio à meada. O problema é que à medida que a história se vai alongando mais difícil se torna cumprir o objetivo dos procuradores: a condenação. A beleza da anatomia completa do crime é excelente para aparecer nos jornais, uma tragédia quando chega a tribunais. Poderia dizer, como ouvi de Poiares Maduro, que o Ministério Público tem substituído o princípio da oportunidade, que tem riscos mas o seu racional, pelo princípio da legalidade, que obriga a tudo investigar, criando um puzzle impossível de completar. Em vez de pegar no bisonte e o desfazer em pequenas peças que possam ser usadas, carrega o bicho às costas até ao fim, porque tudo aquilo é crime e deve ser investigado.

A minha tese é menos benigna: que substituiu o princípio da eficácia pelo princípio da popularidade. E que isso resulta de uma cultura instalada em boa parte do topo do sistema judicial, que se vê como regenerador de regime, na convicção de que isso reforça o seu poder simbólico. Esta justiça proclamativa alimenta uma cultura de derrota prática com vitórias morais.

A Operação Marquês tem 53 mil páginas e mais de 14 milhões de ficheiros informáticos. O despacho final tem quatro mil páginas, a decisão do juiz de instrução tem quase sete mil. Foram feitas duas centenas de buscas, ouvidas 229 testemunhas. Foram recolhidos dados bancários de quinhentas contas, muitas delas no estrangeiro. Demoraria uns cinco anos a ouvir as escutas na íntegra, onde tudo é despejado sem critério nem controlo. Só como humor negro se critica a demora de Ivo Rosa. Estes números absurdos são apresentados como sinal de solidez e trabalho. São o anúncio de uma derrota quase certa. São gigantes que se arrastam lentamente e dificilmente se levantam quando tropeçam. Se lhes for retirada uma peça fundamental, desabam sem conserto.

Ao gigantismo do processo opõe-se o gigantismo dos adversários. Num mesmo processo, estão quase todos os donos do nosso passado recente: um dos primeiros-ministros mais relevantes da nossa democracia, o banqueiro mais poderoso, um dos mais importantes gestores, um dos maiores grupos na área da construção. Só falta Mexia e a EDP. Com eles, 40 dos melhores advogados do país, capazes de descobrir cada pequena brecha na lei e na acusação.

No mesmo julgamento, há negócios na Venezuela, a Parque Escolar, o TGV, a OPA sobre a PT e os seus negócios com as empresas brasileiras Vivo e Oi, empréstimos para empreendimentos turísticos, concessões rodoviárias. Entra quase tudo, na vontade de julgar todos os “donos disto tudo”. Cada um destes crimes é difícil de provar. Quando se juntam, nem despejando todos os meios no Ministério Público se conseguiram cumprir prazos e fazer uma investigação sólida.

Independentemente da leitura que cada um faça da decisão de Ivo Rosa, e eu sou dos que não alinha num linchamento onde apenas há disputas jurídicas legítimas, acredito que se o Ministério Público tivesse partido este processo às postas José Sócrates já teria sido julgado, provavelmente condenado e até estaria a cumprir pena. Ao optar por este caminho, a probabilidade de falhar é enorme, a probabilidade de cumprir prazos e prescrições é quase nula. O problema não está apenas na lei ou nos juízes. Está em quem, no topo do PGR, manteve esta estratégia em troca de boas manchetes ou seguindo obstinadamente uma má tradição.

O preço pago pela democracia é imenso. Quando as pessoas passam anos a ouvir falar de uma gigantesca teia de crimes e isso se desmorona, desvalorizam os factos indesmentíveis saídos da decisão instrutória: que Sócrates vai responder por crimes graves e que o recurso poderá rever a leitura do juiz quanto às prescrições e à fraude fiscal – sobre a frágil prova da corrupção concreta parece-me mais difícil, mas pode acontecer.

As expectativas criadas são proporcionais ao gigantismo do processo. As pessoas acreditam que se julgará o regime, o que só elas podem fazer, pelo voto. Não reelegendo autarcas que foram condenados por estes crimes, por exemplo. Imaginem o que era estar a julgar Sócrates por um destes crimes, com ele já condenado e a cumprir pena por outros, como aconteceu com Vale e Azevedo. Viveríamos este ambiente de deceção?

O Ministério Público merece os créditos de ter aberto este processo. Mas quer títulos de jornais ou sentenças em tribunais? Quer perseguir corruptos ou regenerar a política? Não é só a política que tem de se repensar. É a Justiça. A começar pelos que saem sempre bem destas histórias, mesmo quando perdem.