Em artigo no Esquerda.Net Luís Farinha recorda o livro «Portugal e o Futuro», do general António Spínola. Publicado em 22 de fevereiro de 1974, o livro anunciava a tese da derrota do colonialismo português. Mesmo disfarçado de ‘solução negociada’ o livro surgia meses depois da declaração unilateral de independência, da Guiné-Bissau, proclamada por Amílcar Cabral em novembro do ano anterior. Recordo que por esses dias de fevereiro ou março de 1974, o Zé Luís (carpinteiro com biblioteca) ter levado livro e falado sobre a sua importância, num encontro clandestino que tivemos num primeiro andar da rua do Café Nacional Ultramarino, em Portimão. O local penso que era da oposição da CDE (Comissão Democrática Eleitoral), que tinha concorrido às eleições falseadas de 1973. O Zé despontava ilusões, como aliás todos nós, sabendo que poderia ser o princípio do fim. E foi! Mais tarde, na mesma cidade de Portimão, estivemos todos numa grande manifestação contra a chamada ‘maioria silenciosa do Spínola e a correr com ele para o Brasil.