segunda-feira, novembro 25, 2019

José Mário Branco militante

O percurso militante e ativista de Zé Mário Branco é conhecido, mas não tanto. Aqui, já falamos do site que congrega o seu trabalho de musicólogo mas, por ora, salientamos o seu papel de construtor de amizades, projetos e militâncias, tão político-sociais quanto estéticas. Uma delas foi a sua participação na criação do site e jornal Mudar De Vida, um jornal popular pouco conhecido. A outra, a sua colaboração na construção de um dos mais interessantes projetos teóricos do marxismo, o Passa-Palavra. Neste, escreveu textos magníficos sobre a ética e a estética da canção, num conjunto que intitulou de 'Oficina da Canção'.
Aconselhamos vivamente a sua leitura, clicando nas palavras sublinhadas!

The Weekly, uma série do New York Times

O The New York Times, um dos jornais mais famosos do mundo, lançou recentemente uma série televisiva, um verdadeiro jornal de investigação em série. Supervisionado pelos editores do NYT, The Weekly é uma aposta interessante, feita por jornalistas locais ou investigadores com tarimba nos temas abordados. Já traduzida para emissão portuguesa, passa no canal Odisseia (posição 118), às terças, no horário das 23 horas. No caso de Portugal, os editores decidiram começar pelo episódio 3, que trata  do papel do «You Tube» na manipulação ideológica e política das eleições presidenciais brasileiras, e no quotidiano virtual do país. A não perder (clicar em The Weekly).

Para onde vai o Brasil?

Para onde vai o Brasil, pergunta-se no título, agora que tem Bolsonaro na presidência, Deus no céu e Jesus na terra? Esperemos que apenas seja a vitória, latino-americana, de um clube de regatas do princípio do século passado.

sexta-feira, novembro 22, 2019

A ainda vida de Cláudio Torres

(fonte: RTP2)

A vida de Cláudio Torres dava um filme; e deu mesmo. A RTP2 começou a transmitir a série documental Cláudio Torres, arqueologia de uma vida, um documentário de 3 episódios da responsabilidade de Ricardo Clara Couto, baseado no livro de Manuela Barros Ferreira, sua mulher e companheira de sempre. 
Atenção que já passaram os dois primeiros episódios (para quem tem box ou outro sistema de gravação ver dias 14 e 21, pelas 23:05h.). O próximo e último passa no dia 28 à mesma hora. Uma oportunidade para conhecer muitos episódios, desconhecidos de quase todos, do Prémio Pessoa de 1991.
Atualização: a RTP Play já disponibilizou os dois primeiros episódios.

Arquivo de José Mário Branco

(fonte: FCSH)

José Mário Branco sempre disse que o seu património artístico seria de todos, mesmo em vida. Pouco dado a direitos de autor, e usando apenas o mínimo para viver, deixa um património artístico e estético, cultural e musical imprescindível, hoje confiado ao CESEM, Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical, da Universidade Nova de Lisboa, coordenado pelo professor Manuel Pedro Ferreira. Esse espólio, quase completo, pode ser acedido aqui. vamos lá clicar na palavra sublinhada!

terça-feira, novembro 19, 2019

José Mário Branco e as inquietações



Só a morte obriga ao consenso das homenagens, como se todos nos sentíssemos órfãos de alguma coisa, seja da amizade ou da presença vívida. Gosto muito pouco destas manifestações, e se José Mário Branco - que conheci e com quem tive as maiores proximidades políticas, em quase todos estes tempos político-sociais - precisa também da minha homenagem, é esta que deixo, aquela que perdura na voz de Camané e nos instrumentos dos Dead Combo. Que venham mais e mais inquietações!

quarta-feira, novembro 13, 2019

Abrupto no banco de jardim

Durante vários anos, o blog Abrupto (de José Pacheco Pereira) foi leitura obrigatória da blogosfera nacional, até por ser dos primeiros a surgir na época da moda dos blogs, que ocorreu nos princípios deste milénio. Entre tantos textos de interesse, havia a participação regular de um leitor que enviava fotos e pequenos textos de referência climatérica, sobre «a passagem do tempo num banco de jardim de Santo Amaro». Recordei esses posts, quando fotografei este banco de jardim na urbanização da Boa Entrada, em Loulé.

terça-feira, novembro 12, 2019

'Acuerdo' de esquerda em Espanha




(fonte: publico.es)

Bueno! Tinha acabado de escrever este post, sobre a eventualidade e a necessidade de acordo à esquerda no parlamento de Espanha e parece que a realidade me deu razão, a mim e a outros. Sanchéz e Iglesias negociaram um preacuerdo para a investidura do dirigente do PSOE como primeiro-ministro e o dirigente do Unidas Podemos será, tudo indica, vice-primeiro-ministro. A ver...

Um encantamento de texto

«A Metamorfose», de Kafka, é apenas um pretexto para chamar a atenção para a beleza preocupante deste texto de Carla Romualdo (a seguir apenas um extrato):
E esta frase, que apanhei por sorte num final de jornal televisivo, encheu-me de esperança. Poderá não ser a vida eterna, mas há, afinal, vida depois da morte, até para os não crentes. Basta que acreditemos na domiciliação bancária e no débito directo. Encantamentos modestos, mas acessíveis.

Unidas Podemos??

As eleições em Espanha, do passado domingo, aproximam os resultados das eleições legislativas de Portugal em 1995, sobretudo na situação da instabilidade governativa dos projetos hegemónicos do capitalismo. Sem maiorias absolutas, não tem havido governação absoluta dos partidos 'socialistas' em Portugal e em Espanha. Por ora, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) mantém o mesmo discurso e hesitação, entre os acordos legislativos à direita ou à esquerda, sendo que em Espanha o parlamento, agora com a presença da extrema-direita do Vox, merece outra atenção. No entanto não é só o PSOE que tem titubeado na crise institucional do país vizinho, com eleições sucessivas e o 'tsunami' catalão. Também o Unidas Podemos, sobretudo da linha Pablo Iglésias, tem mostrado não estar à altura de acordos que livrem a direita espanhol de tomar o poder. A cisão da UP, por via do Más País, de Inigo Errejón, que alcançou 3 deputados (uma espécie de Livre do Bloco português), mostra que o caminho deve ser esse mesmo: deixar de querer lugares no governo e para já aceitar as devidas condições para uma maioria de esquerda no parlamento de Espanha.

Para uma leitura do que diz Daniel Oliveira no Expresso diário (via blog de Joana Lopes), clicar nas palavras sublinhadas.

sábado, novembro 09, 2019

O velho Melhoral


O velho Melhoral ainda existe. Recordei-me dele a propósito do desabafo de um septuagenário que, à porta do hipermercado, vinha protestando sozinho em voz sussurrada: «É sempre a mesma coisa, ontem não tinham, hoje também não!». Perguntei-lhe o que se passava, ele explicou-me, vinha à procura dos tais velhos comprimidos. Contra a minha sugestão de adquirir outros analgésicos, respondeu-me, «bah!».

sábado, novembro 02, 2019

A extinção dos passeriformes


Há algumas semanas Carla Tomás, jornalista do Expresso, assinava um texto no jornal sobre o desaparecimento de muitas espécies de flora e de fauna dos montes das serras algarvias. Ouvidos pastores e agricultores concluía pela quase extinção de algumas espécies de passeriformes [aves insectívoras de pequeno porte]. O problema, na altura em que se torna moda falar de ecologia, é preocupante, mas interessa percebê-lo num quadro de maior complexidade. Com o abandono da economia serrana (pessoas, trabalho e vida) as aves migram em busca de habitats mais favoráveis, tal como a espécie humana, e fazem-no há mais tempo do que nós. Por exemplo, é ver os bandos de pardais de vários tipos, ou de pintassilgos, junto das dunas e das praias, alimentando-se de restos de comida, sementes e o que vier ao bico.

Nas caixas-ninho, colocadas na parede norte da minha casa, na cidade de Loulé, destinadas a abrigar criações de chapim-real e mais tarde colonizadas quase sempre por pardal comum, foram criadas esta primavera-verão cerca de 4 posturas em cada caixa, dando origem aos juvenis que hoje vemos a limpar os insectos das periferias, tornando mais limpo o nosso clima.

sexta-feira, novembro 01, 2019

A moda é uma merda!


Autor convidado: Joaquim Mealha Costa
E indispensável ler. 
Ocasionalmente, assisti e participei no bar do Cineteatro [Loulé], a uma conversa com Vítor Belanciano. Talvez há 5 ou 6 anos, ainda no período cinzento de mando dos capatazes ao serviço dos senhores financeiros, donos dos escravos do nosso tempo, era sobre a cultura e a sua função... Não consigo precisar bem... Sei que a certa altura lancei para reflexão a crise dos valores humanistas, o primado da selvajaria liberal, o esmagamento dos mais fracos, culpabilizados, porque se assim estavam é porque não empreendiam, havia um mundo de sonho à sua frente, bastava vender pipocas, garantia o "embaixador" nomeado por Coelho... E a meu ver a arte e os artistas e criadores do vazio, da estética sem ética, sem causas, sem valores humanistas, sem propósitos de transformação, tem sido um instrumento para construir o estado comatoso em que nos encontrávamos e encontramos... Pareceu-me, estar de acordo... Não posso afirmar... Quantas vezes nos enganamos com o que nos aparenta serem assentimentos...!
Este artigo mostra e demonstra o equívoco que continuamos a construir... É angustiante... O futebol que já vem do antigamente; o fanatismo das múltiplas seitas, pouco capazes de entender que a realidade tem múltiplas faces, veio superar Fátima; e a festa, branca, preta, com luzes, ruídos, supostamente com estética mas sobretudo anestésica. E tudo injetado como  progresso. Numa sociedade em que a condição humana é degradada, embrulhada em realidades conceptuais, virtuais, em saladas de palavras torpedeadas no seu sentido... 

Para lerem e pensarem! Clicar na palavra sublinhada para ler a crónica de Vitor Belanciano no Público.