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quinta-feira, outubro 22, 2020

Gomes Guerreiro e o turismo no Algarve

 

Ao rever um artigo para publicação, escrito nos inícios de 2019, dei com uma passagem onde citei Gomes Guerreiro a propósito da designada ‘monocultura do turismo’. O assunto é pertinente, dado que a pandemia colocou na ordem do dia aquilo que, o primeiro reitor da Universidade do Algarve, dizia já nos finais de setembro de 1977:

Apenas o turismo continua a crescer desmesuradamente, mas esta actividade não se reflecte de modo francamente positivo na estabilidade da economia do povo algarvio (…) Até hoje tem vivido muito sobre paradoxos económicos (O Algarve do futuro na perspectiva ecológica, pp. 9 e 10).

Não é preciso dizer mais, apesar do conselho para a leitura deste pequeno opúsculo referenciado.

quarta-feira, abril 04, 2012

Vender o Algarve a pataco

O título do artigo do Público diz tudo: "Portugal 'vende-se' aos espanhóis nos armazéns do El Corte Inglés". O problema é que os espanhóis não nos podem comprar.
Até 22 de abril, e por cada compra acima de 30 euros num dos cinco armazéns da região, os clientes ganham direito a uma estadia extra no Algarve, mediante reserva de uma primeira noite (2 abril, p. 16).
Esta iniciativa peregrina do Turismo de Portugal lembra aqueles que dão com uma mão para tirar com outra. Depois de ter imposto as portagens a uma via de acesso ao desenvolvimento turístico do Algarve, o governo quer agora obrigar os andaluzes a pernoitar de borla uma noite num hotel de 5 estrelas, em troca de 50 euros de taxas indevidas.

quarta-feira, março 28, 2012

Paris, Praia do Hawai na Praia da Rocha

O postal ilustrado serve o espetáculo Paris, praia do Hawai, anunciado em outdoors no Algarve sem turistas. Dou comigo, deitado na areia da praia, em conversa amena com o meu amigo Vitor Bagu, provavelmente a galar as miúdas inglesas (sim, só estas) junto da bola de Nivea. Os calções tinha-os achado algures, novos, a toalha era barata, comprada nos tendeiros de Portimão, chinelos não se veem. E essa era toda a nossa indumentária. Reconheço mais amigos e conhecidos espalhados pela areia, a moda das toalhas de feltro dos hotéis e das esteiras chinesas andava longe. As sombras apontadas para noroeste mostram que o sol não estaria muito alto, talvez fossem 11 horas, tempo ideal para caminhar de casa à Praia da Rocha, na descida principal. A maré estava cheia, não parece, por que a praia já tinha sido assoreada pelas velhas dragas ronceiras. Não aposto, mas talvez o ano fosse 1972 e o mês, agosto, o céu azul, como nos contos de Teixeira Gomes.
Paris, praia do Hawai é "uma noite de dança, teatro e música ao vivo no coração palpitante do Algarve", concebida por Vidal, Amorim e Victorino, em exibição nos concelhos do Algarve Central. E o lema é esta imagem magnífica da Praia da Rocha, onde eu já estava a marcar presença.  Paris espera-me, talvez no barrocal de S. Brás de Alportel, dia 31 (link).

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Violência em Vilamoura

Como referi num post abaixo (link), a criação de espaços monopolizadores de turismo cria atracção de violência, roubo e outras marginalidades. Os acontecimentos noticiados pelos media de hoje, trazem um exemplo infeliz ao que afirmei: violência num bar de Vilamoura origina um morto. Os acontecimentos dão-se numa empresa privada e turística, guardada por seguranças exemplares, claro.

Big Brother

A Assembleia Municipal de Loulé aprovou voto de protesto contra as forças de segurança, por estas não protegerem o concelho e, em particular, a área turística de Vilamoura. Li no Correio da Manhã. Tudo devido à importância que Vilamoura, cite-se o voto de protesto, “assume no turismo e o seu impacto na economia local e regional”. Ora, é exactamente por este factor que a insegurança aumenta. A sociologia diz-nos isso: o desenvolvimento de megalópoles e de locais de monopólio turístico, tendem a atrair focos de insegurança, pela atracção da economia subterrânea, do roubo e da violência. Enquanto a autarquia se preocupa com “a incapacidade das forças de segurança” e afirma que o “problema tem solução permanentemente adiada”, melhor seria perceber que é a ausência de soluções municipais para a migração, o desemprego e a exclusão social, que originam esta anomia social. Durkheim, disse-o há muito. E só o ler e entendê-lo.

A propósito, parece que a Câmara pensa criar um sistema de vídeo-vigilância na freguesia de Quarteira. Espero que o não coloquem no café onde habitualmente leio os jornais, ou trabalho pela manhã. Seria indiscreto da parte da autarquia observar as minhas fontes. Ou as minhas companhias matinais.

domingo, junho 17, 2007

Tradições III

O que disse aqui, há uns dias, começa a perceber-se. Por esta via soube do texto sobre as "marchas populares" de Quarteira, encenadas como representativas e genuínas das localidades ribeirinhas. O interessante é verificar que os dois pontos de vista - apesar de diferentes - são farinha do mesmo saco: tradições bem, ou mal, inventadas, não deixam de ser construções culturais. E qualquer que seja a sua tipologia, esta servirá sempre os interesses de qualquer poder.

quarta-feira, junho 13, 2007

Tradições II

Também cá no sul, chovem os cartazes das marchas populares, de Quarteira ou de Salir, agora elegidas em lugares da "grande tradição lisboeta", inventada pelo estado novo. Daqui a uns anos também serão grandes tradições genuínas e marcas da identidade local e regional. Estão aí muitos politiqueiros, da educação, do turismo e das autarquias, para inventar estas tradições. Aguardem.

Adenda de 15 de Junho: ler os poemas "As curiosidades etnográficas" e "Termos em desuso", de José Carlos Barros, que parece terem sido escritos para que o que disse se perceba.

quarta-feira, maio 23, 2007

Eleições na RTA

(...) Embora, eventualmente, com a possibilidade das restrições orçamentais que também os privados vão impondo nas contribuições, quando os negócios lhes correm de feição, à afirmação das marcas individuais, criando um artificial sentimento de que podem prescindir de parcerias de promoção entre eles e com os que os rodeiam, na formação da oferta, o que poderá fazer perigar os esforços públicos do sector por falta de liderança e capacidade de decisão regional dos dois lados do campo, privado e público. (...)

Todo o texto é uma pérola de bem escrever em toda a sela. Divirta-se: aqui.
[adenda]: Porque haverá tanta cobiça?

quarta-feira, maio 09, 2007

O Ultimatum turístico

Peço desculpa por contrariar, ou colocar-me contra a corrente, mas o comportamento da Região de Turismo do Algarve sobre o caso Madeleine, não revela só solidariedade. A mim parece-me que mais do que isso, traduz uma certa subserviência, uma atitude de menoridade relativamente ao turismo, sobretudo o britânico. Como nos tempos do Ultimatum, lembram-se? Por isso me parece que as decisões da polícia portuguesa, em não deixar-se amedrontar com a "eficácia" da polícia inglesa, são mais do que aceitáveis e compreensíveis. Entretanto, o ICEP adiou a campanha Allgarve no Reino Unido. Sabem porquê?! Então, compreendem a minha opinião.