quarta-feira, dezembro 15, 2021

Citar Maurice Halbwachs como homenagem à memória coletiva

Nestes dias tenho andado arredado desta casa, pois a leitura de obras sobre os processos de memória e a cultura popular – indispensáveis para o livro que estou a preparar – me têm ocupado os dias. É sobre um deles, da autoria de Maurice Halbwachs, que venho aqui falar. «A Memória Coletiva» (Edições Vértice, 1990 [1950]) é uma obra extraordinária, pela pesquisa e introdução de conceitos novos no campo da filosofia e da psicologia dos mecanismos dos processos da memória. Na minha tese de mestrado citei-o algumas vezes indiretamente (portanto a partir de autores posteriores), dada a dificuldade em encontrar a obra. Passados alguns anos, eis-me aqui com o livro em pdf e alguns dados biográficos que não conhecia. Por exemplo, o facto de ter sido assassinado pelos nazis, num dos seus famigerados campos de concentração (1945), depois de ter viajado, estudado e lecionado em vários países, até ser preso e deportado após a invasão da França pelas tropas do fascista Hitler. A homenagem que lhe podemos prestar é citá-lo e referi-lo sempre.

 

segunda-feira, dezembro 13, 2021

José Carlos Barros, Prémio Leya 2021

                                                                      (foto: Augusto Brázio)

José Carlos Barros é o vencedor do prémio Leya de 2021 (valor de 50 mil euros), com o romance «As Pessoas Invisíveis», ainda não publicado. Poeta e romancista, jcb – como assina os seus desenhos – já foi premiado várias vezes com contos e poesia e foi ainda finalista do prémio Leya de 2012, com o romance «Um Amigo Para o Inverno» (Casa das Letras, 2013). Conheci-o nos posts da blogosfera, na altura da grande dinâmica dos blogs em Portugal, a partir de 2003-2004. Escrevia no blog Presa do Padre Pedro, ainda antes do mais recente Casa de Cacela, nome do seu empreendimento turístico na Vila Nova de Cacela. Entre contos, poesia e romance, teve ainda tempo para dirigir uma excelente revista de temática cultural, com ensaios, estudos e entrevistas sobre assuntos diversos do Algarve, que ainda assinei até ao seu desaparecimento (Sul). Em tempos convidei-o para introduzir a poesia de Casimiro de Brito, numa conferência em Loulé, e o Zé Carlos deu bem conta do recado contando a história de uma troca justa que fez em Lisboa: ao invés de comprar o almoço, comprou um livro de Casimiro, porque o dinheiro era limitado. A última edição de José Carlos Barros, «Estação» (On y Va, 2020), é a antologia de poemas seus publicados no DN Jovem, onde debutou nos anos 1980, entre outros valores confirmados das nossas letras. Parabéns amigo!

domingo, dezembro 12, 2021

Bill Bryson sobre o seu grande país

 
Já aqui falei das releituras que fazemos e das mudanças que sentimos na reinterpretação das palavras, de acordo com o contexto social e cultural desses novos momentos. Na altura, falei da releitura do livro de Javier Marías, crónicas de futebol no livro «Selvagens e Sentimentais». Agora é a vez da releitura, 15 anos depois, do livro de crónicas (cada uma composta de quatro páginas de reflexão e humor) de Bill Bryson, «Notas Sobre Um País Grande» (Quetzal, 2006). Entre as belas crónicas escolho a intitulada “O Manual dos Estados Unidos” (pp. 130-133). Nela, Bryson conta como herdou do pai a mania e o hábito de perscrutar as idiossincrasias dos americanos, no que respeita às designações encomiásticas dos nomes dos estados nas matrículas dos automóveis. Por exemplo, Maine é ‘Terra de Férias’, Nova Jérsia é ‘Zona de Costa’ e Indiana é ‘Estado Grande’ e ele não percebe porquê, nem como. Para estas diferenças o autor encontra uma explicação: «Isto serve para introduzir a importante lição de hoje: os Estados Unidos não são tanto um país mas antes um aglomerado de cinquenta pequenas nações independentes e é perigoso esquecermo-nos disso». Lembram-se do ataque dos apaniguados de Trump ao Capitólio? 

sábado, dezembro 11, 2021

O Bloco de Esquerda não tem quadros no Algarve?

A lista do Bloco de Esquerda, candidata pelo Algarve às eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022, volta a retroceder no passo. Tal como em 2011, o cabeça de lista não é da região, apesar de ter sido feito um esforço para mostrar a cara e o trabalho de José Gusmão, atual eurodeputado do BE, pelas terras algarvias. Após Cecília Honório (Professora, Lisboa), deputada eleita em 2011, foi a vez de João Vasconcelos (Professor e vereador em  Portimão), que se tinha destacado na luta contra as portagens na A22 (Via Infante de Sagres), enquanto ativista e membro destacado da CUVI (Comissão de Utentes da Via do Infante). Na altura daquelas lutas, entre 2008 e 2015, bem o disse pessoalmente, que haveria de ser deputado e foi-o, tanto em 2015 como nas eleições quatro anos depois. O que se passou para dar azo a este retrocesso? O mesmo de sempre! A total ausência de renovação e de formação de quadros jovens, o sectarismo perene das hostes bloquistas, herdeiras do fechamento ideológico da ex-UDP e, naturalmente, o poder decisório e impositivo da direção nacional do partido. Os candidatos que se seguem nos segundo e terceiro lugares, não os conheço, nem me parecem ser reconhecidos pelos eleitores do Algarve; ou então sou eu que vivo isolado das dinâmicas da política. Ao BE, espera uma grande descida eleitoral no Algarve.

sexta-feira, dezembro 10, 2021

Consumidores ativos contra os monopólios da energia

Já há muito tempo que mandei a EDP às urtigas. Como associado da DECO participei no 1º leilão de fornecimento de energia doméstica, contratando os serviços da empresa que oferecia melhores tarifários, poupando vários euros por mês. A partir daí, com as empresas energéticas a fugirem aos leilões democráticos, escolhi a Galp a partir dos simuladores disponíveis tanto pela DECO como pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos. Vem isto a propósito da multa aplicada pela Autoridade da Concorrência à EDP, no valor de 48 milhões de euros. A monopolista dos serviços de energia, entre 2009 e 2014, abusou da sua posição dominante no mercado elétrico, com vista à gulodice da maximização de receitas, prejudicando claramente os consumidores de energia. A mim não me enganaram, claro. Mas ainda se arriscam a pagar mais umas multas, por causa da ação popular instaurada pela Associação IUS Omnibus. Com consumidores atentos e ativos quebramos alguma arrogância dos oligopólios.

quinta-feira, dezembro 09, 2021

A ideologia do PAN: o poder a todo o custo!

O PAN nasceu da dinâmica animalista de putativa defesa dos animais e, por acrescento, da natureza, seja lá o que isso for. A avaliar pelo caso das estufas da sua atual líder, talvez se perceba o que é a demagogia da ecologia (ou como a mesma referiu ontem, a visão ‘ecocêntrica), que se esconde por detrás do combate às ideologias. A resposta que merece, quando a mesma líder debita sobre a ultrapassada dicotomia esquerda/direita, é dizer que o PAN o que quer é o pote do poder, seja a que custo for. Ao assumirem que querem ser parte de governo, quer seja com o PS ou com o PSD, o partido animalista está a marimbar-se para os seus eleitores e, acima de tudo, para os verdadeiros defensores da ecologia.