Nestes dias tenho voltado a Herberto Helder, e a «Photomaton & Vox», escrita límpida, vívida e desalinhada com tudo e com todos. Nada se espera: encómios, homenagens, nomes de ruas e praças. Só nos resta a escrita:
A Holanda é uma monarquia, com vacas devagar para cá e para lá. De repente não se tem nada a ver com aquilo. Acabou-se. (ramificações autobiográficas, p. 24)
Gosto da palavra suicídio. A frequência dos is como golpes, as duas sibilantes e a última consoante, malignamente dental, fascinam-me. Mas bastavam-me o prestígio da palavra e o jogo de coleccionar comprimidos mortais. (os diálogos, pp. 30-31)