A propósito de uma fotografia postada pelo Luís, diria que Duarte Pacheco “parece estar mesmo fora do filme”. A posição dele nunca foi, apenas, a de um actor efémero que passa no ecrã. O prestígio acumulado fê-lo sempre pretender estar do outro lado: do lado da encenação fílmica, do lado da realização cenográfica, portanto, acima e na liderança do seu ainda pequeno séquito. Por isso serviu tão bem um regime que o transformou, após a morte, num ícone do estado novo e num mito da grandeza pátria. Pena que a história, em particular a história local, alguma feita por algarvios ou louletanos, continue a relevar este homem apenas pelo seu desempenho técnico e esqueça as suas matrizes ideológicas. Pena que, grande parte do que se escreve, apenas legitime e endeuse a figura, sem a procurar interpretar no seu contexto político e social. Em História, o consensualismo é quase sempre perigoso.