As segundas têm sido sempre assim: oito horas com os meus alunos do 1º e do 2º anos discutindo as problemáticas da educação: a comunidade cigana que se quer realojar disfarçando de civilização dos costumes, uma prática de aculturação e de hegemonia do poder luso; ou a observação das representações dos automobilistas sobre os arrumadores de carros, que os querem ver atrás das costas; ou mesmo o estudo de uma prostituição “estigmatizante” – como muito bem conceituaram os meus alunos, para a diferenciar da prostituição de luxo, essa sim olhada com fervor romântico – numa cidade já olhada, também ela, à luz do estigma. No final do dia ainda me espera uma tese sobre o futuro do artesanato em Paderne: políticos que dizem da tradição o melhor da nossa identidade mas estimulam o consumismo bárbaro de contrafacções e deixam o mundo rural morrer à míngua da formação e da qualidade de vida. Como é que hei-de acabar o dia, se tenho Fátima Campos Ferreira perorando sobre a constituição europeia na 1 e os teóricos da bola na 5? Como hoje é segunda feira, é hábito chegar atrasado ao Six Feet Under e mesmo assim perceber que valeu a pena este dia.