domingo, dezembro 31, 2006

Crónicas do Brasil

E é claro que vou a correr comprar. Conversa de burros, banhos de mar inclui notáveis crónicas de Machado de Assis, Clarice Lispector, Drummond de Andrade, Fernando Sabino, etc. Leia aqui. É difícil ter tanta boa gente junta.

Fogo in the end

Bom, e daqui a pouco vamos todos olhar nos céus o fogo de artifício. Os músicos não nos interessam. Pais, Veloso, AC e C, Orixás estão lá para justificar o tempo de espera, até que os rios e o mar possam arder. This is the end, my friend.

sábado, dezembro 30, 2006

Para a história da censura no Algarve

Em 1969, a censura sobre a imprensa no Algarve impedia a publicação de uma carta ao director do Jornal do Algarve, de Vila Real de Sto. António, da autoria de Adão Contreiras. Para além de estúpida a censura sempre foi ignorante. Leia aqui.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Natal

Que Natal?

Foge, borboleta!
Os homens aproximam-se,
os seus exércitos

逃げよ、蝶!
人間らが来る

軍隊が

Run, butterfly!
Men are coming,
their armies

Allez-y, papillon!
les hommes s’ approchent,
ses armées

¡Corre, mariposa!
Los hombres se acercan,
sus ejércitos

Corri, farfalla!
Gli uomini s'avvicinano,
i loro eserciti

Flieh, Schmetterling!
Die Männer nähern sich,
ihre Armeen

Alearga, fluture!
Barbatii se apropie,
armatele lor

Corre, papallona!
Els homes s'acosten,
els seus exèrcits.

Casimiro de Brito

Traduções de Ban’ya Natsuishi, Ana Hatherly, Catherine Dumas, Monserrat Gibert, Fábio Scoto, Teresa Salema, Corneliu Popa & Ana Maria Romero.

domingo, dezembro 24, 2006

Papel de embrulho

A ideia da Câmara Municipal de S. João da Madeira é evitar o desperdício de muitos quilos de papel que serão despejados amanhã nos contentores de resíduos orgânicos. Os contentores criados especialmente para recolher os papéis de embrulho - colocados nas bancadas após filas intermináveis dos hipermercados - podem ser assim reciclados fazendo jus a um dos três R do sistema. De facto, Reduzir seria a melhor solução. Ao evitar o papel de embrulho poupava-se tudo, como se sabe.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Livros

Os livros acumulam-se na estante, pendurados na instabilidade da madeira. Aproveitam o espaço ganho aos outros empurrados contra a parede pelas brincadeiras dos meus filhos. Eu agradeço, e eles misturam-se, portugueses e estrangeiros, romance e poesia, ensaio e sociologia. Deixo para a semana a arrumação; é preciso separar muita coisa, para que o espaço renda mais. Hoje, antecipo o tempo e vou deixando Machado de Assis e Luís Sepúlveda, Eça e Perez-Reverte, Sena e Lispector, Francisco J. Viegas e Sophia, Rosa Montero e Javier Marías nos seus lugares. Depois é preciso arrumar os estudos e ensaios sobre Portugal, sobre o Algarve, sobre Loulé, mas não há mais lugares. A banda desenhada cede uns lugarzitos, mas José Carlos Fernandes e Hugo Pratt já não deixam grandes folgas. Enfim, os da cabeceira podem esperar por outro dia.

Afinal, o homem pensa e a obra nasce

É claro que o presidente da administração americana pensa. E pensa com os seus conselheiros. Ao conselheiro que substituiu Rumsfeld - caído em desgraça - deu tempo para pensar a solução iraquiana; e até deixou a esperança de vir a tomar a decisão de deixar o Iraque, para o país encontrar a sua própria solução. Eis que, antes do período do Natal, George Bush vem deixar uma prenda no sapatinho dos soldados americanos: a guerra está para durar, pois os EUA vão encontrar uma estratégia de longo prazo para que morram mais umas centenas de americanos, até à derrota final.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Sena e o romantismo

O físico prodigioso, de Jorge de Sena, é uma novela "fantástica" que recupera as histórias de Orto do Esposo, livro moralista-religioso do século XV. As histórias do mágico da eterna beleza e do homem que não podia ser enforcado são recuperadas, por Sena, como metáfora da beleza e da liberdade, nos pálidos anos 60 portugueses, na altura em que vivia já no Brasil. Mas o mais interessante é encontrar uma nota crítica sua, a propósito do facto de Teófilo Braga, catalogador de contos populares, ou versões apropriadas pelo povo, considerar tradicionais os contos que ele próprio achava que o deveriam ser. Sena chama-o de "romântico-positivista". Fumos da presença nos Estados Unidos, onde se lia alguma coisa de jeito sobre o papel do romantismo na idealização da cultura popular.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

terça-feira, dezembro 19, 2006

Abrenúncio

Nesta época não compro best-sellers. Aliás detesto best-sellers. Descobri um tal de Friedrich Dürrenmatt que comecei a ler ontem. O título? " O juiz e o seu carrasco". Prenúncio? Ou abrenúncio?

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Blogosfera lusa

O melhor é irem acompanhando as mini-entrevistas de Luis Carmelo a bloggers lusos. Já vai na II série. Em breve as minhas respostas estarão lá.

domingo, dezembro 17, 2006

a justiça é de ouro

As listas de candidatos aos órgãos da FPF (Federação Portuguesa de Futebol) são a prova do padrão de justiça em Portugal. Ou não?

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Uma Voz calada


Saiu, hoje, o último número de «a voz de Loulé», jornal no qual tive o prazer de colaborar.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Frase do dia

Todos nós podemos ser arguidos. Eu hoje venho aqui como testemunha, espero não sair como arguido... (Gilberto Madaíl, na Sic)

terça-feira, dezembro 12, 2006

Que o nome lhe seja pesado

Sim, também eu me recordo dos estudantes (como eu) a serem empurrados para a morte no estádio nacional. E dos militares de capacete nazi a dispararem indiscriminadamente sobre os estudantes que caíam baleados na relva, onde antes correra uma bola de futebol. E de Vitor Jara, estudante que não quis morrer na cama e foi mais tarde nome de brigada.

Nova obra de José Carlos Fernandes

José Carlos Fernandes tem nova obra nas livrarias. Desta feita em co-autoria com Luís Henriques. Do texto de apresentação de JCF:

Da aliança do espírito obnubilado de JCF (um lunático que não possui televisão por acreditar que os demónios cabriolam nas ondas hertzianas) e dos pincéis de pelo de hiena de Luís Henriques (um artista gráfico que prepara as suas próprias tintas à base de fuligem e Canada-Dry) só poderia sair um livro sombrio. "Tratado de umbrografia" (2006, Devir), assim se intitula o fólio que já há alguns dias pode ser encontrado a assombrar algumas livrarias respeitáveis da Nação e de onde será escorraçado em breve, para dar mais espaço a títulos como "A fórmula de Deus" e "Sexys, Giras, Porreiras e Solteiras". Após este breve período de exposição pública, "Tratado de Umbrografia" apenas poderá ser encontrado, por preços exorbitantes, em alfarrabistas esconsos, bafientos e mal iluminados, pelo que recomendamos que os interessados acorram às livrarias enquanto é tempo.

Aviso aos consumidores: este livro não produz sentimentos de paz, reconciliação, equilíbrio interior ou harmonia com o universo, nem proporciona alívio em situações de stress e depressão.

Blogues mais que recentes

Esta casa deu origem a dois blogues recentes. Aqui estão eles.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

O “Prisma de Cristal” e Casimiro de Brito em «A Voz de Loulé»


Quando, em 2004, pensei lançar uma página cultural neste jornal o amigo José Batista deu-me a conhecer um antigo suplemento, ou página literária que, em tempos, teria sido publicado em «A Voz de Loulé». Lancei-me na pesquisa desta fonte e no Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Loulé acabei por encontrar, no ano de 1956, o “Prisma de Cristal”. Lá estava, na página 2 de «A Voz de Loulé» nº 94, de 16 de Outubro de 1956, uma denominada ‘página cultural’ organizada por Casimiro de Brito. Casimiro Cavaco Correia de Brito tinha nascido em Loulé em 1938 e tinha, na altura, apenas 18 anos.
*
[para ler o texto, na íntegra, que publiquei n'A Voz de Loulé de 1 de Dezembro, clicar na imagem]

quarta-feira, novembro 29, 2006

Para quem disse que eu não falava de Cesariny

O Raul Leal era

O Raul Leal era
O único verdadeiro doido do "Orpheu".
Ninguém lhe invejasse aquela luxúria de fera?
Invejava-a eu.

Três fortunas gastou, outras três deu
Ao que da vida não se espera
E à que na morte recebeu.
O Raul Leal era
O único não-heterónimo meu.

Eu nos Jerónimos ele na vala comum
Que lhe vestiu o nome e o disfarce
(Dizem que está em Benfica) ambos somos um
Dos extremos do mal a continuar-se.

Não deixou versos? Deixei-os eu,
Infelizmente, a quem mos deu.
O Almada? O Santa-Ritta? O Amadeo?
Tretas da arte e da era. O Raul era
Orpheu.

[de "O Virgem Negra" por M. C. V. (Mário Cesariny)]

sábado, novembro 25, 2006

Lobo, Graça, Rómulo...

Ainda há pouco, no Câmara Clara, na 2:, Paula Moura Pinheiro referia que Lobo Antunes considerava Vasco Graça Moura o melhor poeta português vivo. Graça Moura, presente no programa, disse que António Gedeão, aliás Rómulo de Carvalho, foi um dos maiores poetas portugueses do século XX. O que diria Rómulo de Lobo Antunes?

Rómulo e Remo

Sim, hoje não li António Gedeão; ou Rómulo de Carvalho se quiserem. É que tenho estado a ler Enrique Vila-Matas.

quinta-feira, novembro 23, 2006

?

O Remexido, mais conhecido por A terra do João Semana, deixou de emitir sobre patos, caça miúda e planos desportivos. Mudou de sítio? Mudou de IP? Ou é mais uma vítima do anonimato na blogosfera?

sexta-feira, novembro 17, 2006

Nacionalismo

Ontem, a propósito do aniversário de Saramago em Azinhaga do Ribatejo, o jornalista da SIC expressou a velha asneira nacionalista: "Azinhaga, que no concurso da aldeia mais portuguesa de Portugal obteve, a seguir a Monsanto, o 2º lugar". Vá ler! Shame on you.

Cavaco e Sócrates

Quem viu, ontem, a entrevista do presidente da república percebe perfeitamente o que muita gente disse na campanha eleitoral (fui um deles): "O candidato de Sócrates é Cavaco Silva e Soares apenas uma manobra de diversão". Acho que, agora, todos entendem.
Adenda às 23.50h.: Mas ainda há quem ache que ali esteve presente "o sentido de estado e a responsabilidade".

quinta-feira, novembro 16, 2006

A propósito do post abaixo

"Das complexidades inadmissíveis da nova terminologia linguística para os estudantes do ensino básico e secundário (TLEBS) já se tem falado com mais ou menos pormenor. Da dificuldade de adaptação dos professores à nova terminologia, bem como ao seu manuseio, e da impossibilidade prática de os alunos a compreenderem, também já se falou, antevendo-se as piores catástrofes. Da preparação de manuais que a apliquem tem-se falado menos".
Ler o resto da crónica de Vasco Graça Moura no DN
*
Também Francisco José Viegas escreve sobre o assunto:
"Tenho estado a tentar exercitar-me na TLEBS, ou terminologia linguística para os ensinos básico e secundário (disponível aqui). O trabalho não tem sido fácil, porque a TLEBS é absurda. Vasco Graça Moura tem sido uma das vozes, senão a principal, a insurgir-se contra esse desmando a perpretar contra o ensino do Português. Recentemente, Maria Alzira Seixo na Visão (o que permitiu um pequeno post scriptum a E. P. Coelho no Público) escreveu um artigo notável".

Protesto estudantil em Loulé

Há minutos tive de parar o carro na rua de acesso à Escola Duarte Pacheco, em Loulé (2º e 3º ciclos). Os alunos desfilavam gritando "Queremos uma nova ministra!". Eram miúdos de 13 a 15 anos agitando cartazes coloridos sobre as aulas de substituição. Marcavam presença nos protestos nacionais que estão a decorrer hoje.
Do alto do seu paternalismo evidente temos ouvido os desabafos dos mais velhos, criticando o jeito juvenil de fazer política. Mas há uns anos nós éramos assim: protestos, coesão, partilha do gosto da ofensa e da crítica. E aprendemos muito do que hoje sabemos. Acreditemos que estes miúdos constroem o seu caminho de cidadania, desta e de outras formas velhas ou por inventar.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Todos temos o nosso Amadeo

De cara destapada

O Remexido, José Joaquim de Sousa Reis, desde que debutou na igreja de SB de Messines, deu a cara pelo miguelismo na revolução liberal. Em Faro foi julgado, condenado e executado de cara destapada. A história nunca se repete!

sexta-feira, novembro 10, 2006

O moço Saramago

Em entrevista ao Estado de S. Paulo (Brasil) Saramago disse:

"Chegou a hora de fazer a minha confissão. Eu pertenci à juventude salazarista, que se chamava Mocidade Portuguesa. Pertencíamos todos: alunos da instrução primária, do ensino secundário, do ensino superior, todos sem exceção. Era, por assim dizer, automático. Digo no livro como consegui escapar a usar o fardamento e creio que essa foi a minha primeira vitória contra o fascismo. Mais não podia fazer. E para a revolução ainda era cedo" [sublinhado meu].

O facto de gostar da obra de Saramago, não me coíbe de mostrar a minha perplexidade pelo rídiculo de algumas ideias manifestadas na entrevista e mais pelo revisionismo que ele faz do seu passado. Nem todos fomos membros da Mocidade; nem todos marchamos de botas cardadas sem excepção. Entre muitos, eu fui um dos que aquela escumalha não apanhou. Nem que para isso tivesse de desaparecer uns dias da escola do ciclo preparatório (tinha 11 anos); nem que para isso tivesse que rumar, aos 15 anos a outra cidade e a outra escola, quando o liceu estava infestado de fardas e de bivaques. E não me ando a gabar de vitórias sobre o fascismo. Shame on you!

quinta-feira, novembro 09, 2006

A "Cartilha" dos media

A alguns media, daria muito jeito que o Nobel da Paz fosse para Bono ou Geldof. Bem, eu sei quem são estes tipos e na verdade pouco me interessam. Geldof como músico é uma nulidade e é quase opaco a defender causas.
Bono vive do prestígio da música apesar de, confesso, gostar dos seus primeiros álbuns. Mas o comité do Nobel tem ouvidos moucos e vistas curtas para a comunicação e deu o prémio ao criador do conceito de microcrédito, Muhammad Yunus.

[Ler a minha crónica, completa, no «barlavento».]

quarta-feira, novembro 08, 2006

Clifford Geertz

Também eu queria ter falado dele há dias, quando soube da sua morte. É uma das minhas referências intelectuais mais recentes. As suas perspectivas do conceito de 'cultura' são extremamente inovadoras; as suas teorias sobre as interpretações da cultura denotam uma frescura essencial na actualidade. É um dos meus marcos teóricos incontornáveis na tese que estou a desenvolver. Dele, usei algumas concepções na comunicação que fiz, no passado fim de semana, no Encontro sobre Tradições Orais, em Querença.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Lobo Antunes

Vi ontem a entrevista de Judite de Sousa a Lobo Antunes. Poderia dizer ouvi, porque o autor pensa e filtra muito bem o que diz. Expressa-se como se estivesse a escrever, muito lhe deve vir do hábito, da rotina, da memória física. Mas a mim sempre me parece tudo demasiado plástico, uma humildade fabricada. E aquela modéstia, parece-me sempre falsa. Por tudo isto nunca o li. Confesso que já tentei, mas lembro-me sempre de uma frase sua dos primeiros romances, uma das metáforas exageradas em que era exímio (quase sempre metáforas médicas), que não refiro por pudor de leitor, pudor que o autor, ontem, tanto prezou.
Adenda às 15.51h: ver a entrevista de Lobo Antunes como um reles panfleto anti-comunista parece-me desonesto e pouco abonatório.

O Norte

Já vos falei aqui de António de Sousa Homem. Ele escreve todas as semanas na revista "Notícias de Sábado" do DN. É das poucas coisas que leio. Em geral leio-o online, no seu blogue, que pode ser acessado ali em cima. É uma escrita conservadora, que circula entre os invernos de Ponte de Lima e os verões da praia de Moledo. Mas é também um bom naco da história do Norte, vista pelo olhar de uma certa elite rural - não tanto intelectual do Douro (lembrem-se de Camilo, pois) - onde se pode incluir também Agustina (a tal que sabe separar muito bem os maricas dos gays).

quarta-feira, outubro 25, 2006

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Os árbitros, chefes de família

«Por trás daquele senhor que anda com um apito na boca ao fim de semana e que nós chamamos árbitro, está um cidadão, está um ser humano, um pai de filhos, um chefe de família...». Vitor Pereira, responsável da arbitragem na Liga de Clubes.
É por esta e por outras que as mulheres deveriam apitar na liga profissional de futebol. Só assim o Código Civil entraria definitivamente na cabeça de muita gente.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Sol à chuva

«Portanto, o "Sol" não é um jornal sério. De mim não voltará a ter a mínima cooperação.»
Mais uma baixa que o Sol faz em dia de chuva!

domingo, outubro 22, 2006

Norte

Em dia de chuva e com buracos no asfalto do Porto, Filipe Menezes diz que o PSD tem de deixar as férias e o fim-de-semana prolongado. Entretanto, também a norte, a voz sibilina de Agustina acha que os "maricas" são o lumpen-proletariado da homossexualidade. O Sol deve estar a dar-lhe cabo da cabeça. Para que o dia acabe bem só falta o Liedson mostrar a vara da tolerância cá do sul.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Indispensável ler

O meu apelo a que no referendo da descriminalização do aborto não votem os homens e os senhores padres deve incluir as mulheres que confundem a post menopausa com a post modernidade.
Ler tudo aqui.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Editando a Wikipedia

Estive nestes dias à volta da Wikipedia, a editar elementos sobre Casimiro de Brito. Para além de completar os dados do poeta - sobretudo em momentos pouco conhecidos da sua adolescência poética em Loulé - acabei por editar outros dados que me parecem importantes desse período e que constituem entradas novas na plataforma: a página literária "Prisma de Cristal"; a colecção de poesia «A Palavra»; referências da revista efémera Poesia 61; e uma entrada sobre o poeta Candeias Nunes. Espero, em breve, editar uma entrada sobre Maria Rosa Colaço. Todas as entradas referidas podem ser acedidas internamente na página de Casimiro de Brito, clicando ali acima no nome sublinhado.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Candeias Nunes

Já que estamos em tempos de memórias do nascimento da página literária "Prisma de Cristal" em «A Voz de Loulé» e dos 82 anos de Ramos Rosa, deixo aqui outro poeta - Candeias Nunes de Portimão -, editado em1964 na colecção «A Palavra», dirigida por Casimiro de Brito. Estávamos na ressaca dos Cadernos do Meio-Dia, proibidos pela censura e do movimento Poesia 61.

Quando

Quando palavra
das sílabas exactas
o grito medonho
por fora da pele
calor de medronho
batuque de latas
e eu dentro dele

Quando ribeiro
ora manso ora bravo
e seixos no centro
libertas o escravo
que dentro tenho

terça-feira, outubro 17, 2006

Ramos Rosa

O António homenageia-o e eu também. No dia do aniversário do poeta António Ramos Rosa, deixo aqui um poema que ele publicou na página literária de «A Voz de Loulé», “Prisma de Cristal”, nº 24, dirigida por Casimiro de Brito, no dia 3 de Agosto de 1958:

Os dias, sem matéria,
caem na eternidade,
na vaga eternidade
de cada vida humana.

Num calendário, as datas
falam dos mesmos dias?
E em cada mesma vida,
acaso os dias passam?

Acaso eles existem?

Não haverá apenas
um só dia que vemos
e que nunca vivemos
por falta de coragem?

A coragem enorme
para dizermos: hoje!

segunda-feira, outubro 16, 2006

"Prisma de Cristal"

[desenho de José Batista (Jobat)]

Há 50 anos, a 16 de Outubro de 1956, «A Voz de Loulé» iniciava uma página cultural, mais tarde designada página literária, com o título "Prisma de Cristal". A página, que durou 26 números e foi publicada até 15 de Fevereiro de 1959, era organizada pelo poeta louletano Casimiro de Brito. Sobre este tema já escrevi algumas vezes e, por estes dias, sairá na revista do Arquivo Histórico Municipal de Loulé, «al~ulyã», um artigo meu sobre o assunto.


Os grandes portugueses

A RTP iniciou hoje o passatempo - como lhe chamou Maria Elisa - "Os grandes portugueses". Depois do programa, antecedido pelas notas de Marcelo, a televisão pública passou um filme sobre Churchill, interpretado brilhantemente por Albert Finney. Sabemos que Winston Curchill, primeiro-ministro inglês durante a 2ª grande guerra, foi o vencedor de um programa do género em Inglaterra. A RTP só pode querer duas coisas com isto: mostrar que Salazar, ao tempo presidente do conselho de ministros em Portugal, ombreava com Churchill; ou então que Salazar nem serviria para lhe engraxar as botas; e, por isso, nem deveria figurar num passatempo democrático.
Ou então, foi apenas uma escolha de programação. O que acha?

sábado, outubro 14, 2006

A factura da água

Volto a falar dos media, sobretudo dos meios televisivos, porque parece que os jornalistas aprendem cada vez mais numa cartilha paupérrima sobre o que é a sua profissão. Esclareço. Em reportagem da Sic sobre as facturas de consumo de água, a jornalista tenta entender o que pensam os consumidores sobre o detalhe técnico das mesmas. Há teorias de desconstrução: "uma factura divide-se em três partes, a primeira com um gráfico, blá, blá, blá". Eu tenho aqui à minha frente uma factura da água e para que raio quero eu saber, a partir da primeira vez concedo, o que significam esses hieróglifos? Pago e pronto. A peça até me mostrou que pago menos do que a água custa ao M3 (metro cúbico, bem se vê). Mas o mais engraçado, e é para isso que levo o leitor, a jornalista queria saber à força porque não trazia a factura notas sobre a qualidade da água. Reparem: dava a resposta na pergunta. Crime de qualquer pesquisa, digo eu aos meus alunos de investigação. Pergunto-vos, agora: e quem sabe o que é o Ph e como se medem os coliformes fecais e totais? Já estou como o jovem no ER: "já estou a sentir a toxina a subir ao coração".

Nobel da Paz

Aos media daria muito jeito que o Nobel da Paz fosse para Bono ou Geldof. Bem, eu sei quem são estes tipos e na verdade pouco me interessam. Geldof como músico é uma nulidade e é quase opaco a defender causas. Bono vive do prestígio da música apesar de, confesso, gostar dos seus primeiros álbuns. Mas o comité do Nobel tem ouvidos moucos e vistas curtas para a comunicação e deu o prémio ao criador do conceito de microcrédito, Muhammad Yunus. Sobre ele já escrevi, há tempos, a propósito de uma aula para a qual convidei um agente local deste tipo de financiamento popular. Pode ler-se a partir deste link.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Chama-se Eusébio

É verdade, Portugal perdeu, ou quê? (sim, falo de futebol e da selecção!)

Loulé, first

Ontem fiquei a saber que metia nos cofres do fisco, 617 euros todos os anos. E fiz as contas: se a minha mulher põe outro tanto, dá 1234 euros anuais (em IRS e IMV). Segundo o CM estou a pagar os défices das outras regiões do país, do norte sobretudo, lá onde estão o Loureiro, a Felgueiras, o Pinto da Costa, etc e tal. Aliás, somos nós, algarvios, que parece que estamos a dar a maior contribuição: Lagos, Albufeira, os pobres de Vila do Bispo, por aí. Loulé, claro, está em primeiro lugar. O presidente da Câmara apressou-se a esclarecer que é devido ao facto de o concelho ter muita segunda habitação. Eu sei que vivo aqui e não tenho mais casa nenhuma.

quinta-feira, outubro 12, 2006

Rio Arade

Portimão ainda tem esgotos a escorrer para o Rio Arade. É verdade que isso não importa nada. Não é verdade que o rio é o esgoto da cidade? Mesmo que as piscinas de água salgada da marina utilizem a mesma água, é e será sempre água salgada e não a caca que sai das casas da cidade. O presidente diz que a fiscalização detectou muitas casas com esgotos ligados às redes pluviais. Certo! E de quem é a culpa? Não é muito melhor reordenar a Praia da Rocha do que colocar uma rede de esgotos, em 2006?

quarta-feira, outubro 11, 2006

Luis Buñuel

"Quatro dos filmes do mais importante realizador espanhol de todos os tempos – Pedro Almodóvar – vão estar em destaque no Cine-Teatro Louletano, ao longo do mês de Outubro, num ciclo de cinema dedicado a esta figura que Hollywood aclamou." - no barlavento online.
Oiçam lá, já ouviram falar de Luis Buñuel?

terça-feira, outubro 10, 2006

E não o querem contratar para a campanha da PT?

"O governo é dirigido por uma cambada de loucos..." - Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira, à frente de barricas de vinho.

Prémio La Palisse

"Se arriscarmos, vamos correr mais riscos..." - José Couceiro, treinador dos sub-21 em futebol.

domingo, outubro 08, 2006

Madeira

Já vimos muitas vezes o homem iritado. O troglodita da Madeira, agora, esbraceja e vomita contra o «colapso social que aí vem, por culpa do Sócrates». Agora que a teta está a fechar-se vamos ver quanto tempo dura no poder. Não percebo é como o PS só agora percebeu a maneira de o alijar do governo.

Três a zero

Na verdade esqueci-me que Portugal jogava com o Azerbeijão, uma equipa assim equiparada ao Clube Desportivo de Freixo de Espada à Cinta (sem ofensa). Três a zero é muito pouco para esta diferença cultural!

sábado, outubro 07, 2006

Câmara Clara

Querem uma boa discussão e um programa sério sobre cultura? Penso que conhecem a «Câmara Clara», sextas às 22.30h na 2:

Liedson

Há horas, Portugal apanhou uma batatada de 4-1 com a Rússia nos sub-21. Mais logo, a vingança deve vir gelada: Costinha e Maniche sabem bem do assunto. O declíneo do futebolês está a acentuar-se. Está na altura de Liedson se naturalizar português.

sexta-feira, outubro 06, 2006

american way of live


Sem tempo e paciência para ler jornais e revistas, sou viciado compulsivo em colunas e crónicas: em papel, em linha, onde for. Uma das hipóteses mais interessantes é a compilação de textos de velhas colunas de jornais, em livro. Como poderia resistir à compra de Notas sobre um país grande, do Bill Bryson?

Carnivàle

Ainda não tinha lido, nem visto nada sobre Carnivàle, a série da HBO. Um mail do amigo António, recorda-me que a Sic Radical, pelas 23 horas, iniciava a I série de 12 episódios desta mágica e lúgubre história, "uma espécie de mistura de As Vinhas da Ira com TwinPeaks". Esperemos.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Um burro da infância

Quando o pai dele morreu, levei-o silencioso. Andámos sem destino, mas a estranheza da morte levou-me a caminhar para a mata, uma pequena floresta de eucaliptos, onde lembro de ter disposto alguns sacos pretos com sementes. Ali, sentia-me protegido das desgraças inapercebidas do mundo. Parando junto a um eucalipto, já muito alto e magro, o meu amigo chorou. Teríamos nove, dez anos? Não me lembro bem. Mas sei que depois de termos olhado o rio, ali mesmo à nossa frente, ele voltou a lembrar-se de como era a vida. Só muito mais tarde compreenderia o seu regresso. A noite passada tinha dormido debaixo do mesmo tecto, perto de um pai morto. A mãe, mantivera-se acordada ao lado do pai morto, sem apelar aos vizinhos a dor da alma; e ele cumprira o prometido: só chorar no dia seguinte.
*

O caso de Setúbal e as TVs

No caso do sequestrador da delegação do BES em Setúbal, não se viram as televisões a toda a hora a cheirar o cú do caso. A polícia também não deu muito fogo à palha. Várias vezes procurei saber o que se passava e só o conseguia nas publicações em linha. Satisfeito.

Praxes

No julgamento da aluna do Piaget, que apresentou queixa por causa de praxes violentas, lá estavam os seus ex-colegas. Faziam fila à frente do tribunal com faixas pretas aos pés que diziam: "Pisem-nos, mas não acabem connosco!". Confuso, hem? Eu pisava-os.

Moledos

Se há prosa boa na revista "NS" do DN dos Sábados, são as crónicas de António Sousa Homem. A prosa parece saída dos baús pós-românticos; é quase uma ficção de moral adulta, para ler sempre madrugada adentro. Estão na blogosfera há muito e vale mesmo a pena ir .

quarta-feira, outubro 04, 2006

Humberto Delgado

«Afirmo, aqui, que estarei disposto a morrer pela liberdade» (1958, no Liceu Camões, em Lisboa). E morreu. Pior, foi assassinado pela Pide. Humberto Delgado faria hoje 100 anos.

Ler

terça-feira, outubro 03, 2006

Passado-Presente

Mais um interessante projecto a acompanhar. Desta vez sobre as problemáticas da memória social, algo que me é caro na investigação. Com direcção de Rui Bebiano, precursor de revistas culturais na Net, este projecto aborda questões como a tradição, a memória, a folclorização e a patrimonialização, numa perspectiva da história e da antropologia. Clicar na imagem para ver.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Livros na cabeceira

Acabei de olhar aqui para o lado direito do ecrã e lá vi os livros na cabeceira, ali parados há tanto tempo. Pensei que andava a ler mais depressa do que os substituía no template. Pois lá estão o Castelo do Kafka e o Coração... do Camilo. O certo é que ainda não os acabei. E pus-me a pensar o que tenho lido nos últimos meses, para além das muitas dezenas sobre o tema da tese (chiça, este pesadelo está quase). Ora aqui vão as leituras que deveriam ter passado pela cabeceira:

1. Sexo na cabeça, de Luís Fernando Veríssimo
2. As mentiras que os homens contam... do mesmo autor
3. Laços de Família, de Clarice Lispector
4. Crime na exposição, de Francisco José Viegas
5. O mestre de Esgrima, de Arturo Perez-Reverte
6. Sentimentos e sentimentais, de Javier Marías
7. Paixão em Florença, de Somerset Maugham
8. Onze contos de futebol, de Camilo José Cela

E o que estou a ler ao mesmo tempo?

1. O físico prodigioso, de Jorge de Sena
2. Histórias de mulheres, de Rosa Montero
3. O meu Michael, de Amoz Oz.

Esqueci-me de alguém? Ah, comecei O crime do Padre Amaro, mas decididamente não tenho pachorra para o burguês do Eça.

Turismo?

Hoje é o Dia Mundial do Turismo. Este ano a OM da dita resolveu escolher Portugal para anfitrião das comemorações. O governo decide fazê-las em Lisboa, o que chateia o presidente da Região de Turismo do Algarve. [Somos mouros, pois claro, deixem o turismo lá pra Lisboa]. Não contente o presidente da RTA manda carta ao secretário do turismo, que “esqueceu a principal região turística do país”. Olhem, descontente estou eu, que tenho que dar hoje ao estado uma bela nota de IRS. Nine, twenty e seven, esta é a merda de data que não esqueço.
Já agora: O presidente da AHETA, Elidérico Viegas, está-se maribando para isso. O que o preocupa é a necessária mudança de legislação do licenciamento dos empreendimentos turísticos. Ou seja, de acordo com as propostas do governo, abrir os empreendimentos mesmo antes das vistorias e da emissão de licenças. Estão a ver no que isto vai dar, não?

sexta-feira, setembro 22, 2006

Benfica

Para dizer a verdade eu nem dormi esta noite. Sabia que ele ia falar hoje, desvendar um mistério guardado a sete chaves ou pneus, como quiserem. Nem o meu benfiquismo me consolou. E tive que esperar toda o dia sofrendo as maleitas do Gordon, chuva e vento e eu sem luz nenhuma ao fundo do túnel. Mas ainda há momentos, porra, aquilo é que foi. Vieira lá estava engravatado a dar a sua conferência de imprensa (É verdade, já viram que agora a Grande Entrevista é um catálogo de oferta de conferências de imprensa gratuitas, desde o Bill Gates?). O homem finalmente revelou que iria ser candidato da família benfiquista. Fui-me embora de seguida. Não sei se falou de Veiga, ou não. Não me perguntem nada, nem façam comentários do género: «o homem é um nababo!». Eu não respondo por mim.

quarta-feira, setembro 20, 2006

terça-feira, setembro 19, 2006

Problema de saúde pública (intelectual)

Pois é, Pacheco Pereira. Mas também ninguém explicou como é que as torres caem daquela maneira, como se fossem implodidas, porque um avião não faz aquilo. E já agora se foi possível aos terroristas sequestrar aviões, depois de aprender a voar nos EUA, porque não seria possível colocar umas bombas no WTC? E até agora ninguém respondeu às "provocações" dos cães e dos polícias que foram retirados, dos negócios das vendas e dos seguros dos edifícios, do avião que desapareceu de frente do pentágono, etc., etc.. Também os EUA inventaram armas de destruição maciça no Iraque, o Colin Powell apresentou provas falseadas do mesmo, perante a ONU, afinal havia muitos voos da CIA sobre a Europa e muitas prisões de alta segurança com presos para Guantánamo.
Afinal quem é que é parvo e deve usar um badge, uma porra de um emblema na lapela do casaco?

Debate V

10. Pois é, a lei de autonomia é do governo PS e de 1998. O primeiro contrato de autonomia foi assinado pelo governo de David Justino (educação) com a Escola da Ponte (olá Ademar!).
11. A ministra afirma querer constituir um conselho coordenador dos conselhos executivos.
12. O ex-secretário quer abrir a porta à gestão privada das escolas. Sabia que ele não aguentaria.
13. Já viram que há professores que falam, falam e não dizem nada?
14....
...
[Meus amigos, vou mas é ler o Sena].

segunda-feira, setembro 18, 2006

Debate IV

8. A ministra marca pontos quando diz que prefere falar das questões pedagógicas do ensino com os seus agentes directos nas escolas e não com os sindicatos. O sindicalista prefere a prática de negociar com os sindicatos a política educativa. O ex-secretário de estado acha que não é obrigação nem prática; e agora não deixa ninguém falar.
9. Ficámos a saber que esta equipa ministerial foi a 1ª a reunir com todos os conselhos executivos das escolas do país. O que andaram os outros a fazer?

Debate sobre Educação III

6. A apresentadora já está a falar como mãe, pedindo aos alunos que tragam achas para a fogueira (dos professores?): «Mas eu quero é que tu digas o que é que achas...»
7. Enquanto falam alunos e pais, a ministra olha complacente; o tempo passa e a reunião vai servindo para ouvir. O debate onde está?

Debate sobre Educação II

Acompanhando o Prós e Contras:
4. Avelãs Nunes da Fenprof diz que os professores estão desmotivados, ofendidos e preocupados. Palmas na plateia. Fátima Campos Ferreira - a apresentadora - diz que é melhor evitar as palmas para não perder o ritmo do programa.
5. Fala um professor reformado. Não sabemos porque está ali. Terá sido um convite da produção para quebar o conflito?

Debate sobre Educação I

A acompanhar em simultâneo no Prós e Contras:
1. A ministra entra com pézinhos de lã, como é seu apanágio; aceita e compreende os protestos das populações que contestam o encerramento das escolas; reconhece continuidade de alguns projectos da anterior governo.
2. O ex-secretário de estado da educação olha de forma profissional para a câmara para dizer que os professores são o garante de tudo; à espera de palmas dos professores, mas ninguém se mexeu. Os professores sabem quem ele é.
3. O mesmo ex-secretário diz que não concorda com a escola a tempo inteiro, preferindo a aprendizagem a tempo inteiro: questões de semântica. Não concorda que os alunos estejam 10 h diárias na escola. Os professores abanam a cabeça discordando.

O conúbio Estado-Igreja

Lembram-se dos tempos do cardeal Cerejeira? O homem estava em todas as iniciativas do estado salazarista. Benzia carros, edifícios e tratava das almas que iam para o céu. O estado democrático continua a confundir laicidade e religião. Por questões de interesse político, mais votos dos católicos, a maioria da população portuguesa, dizem. Há dias viram Sócrates, o primeiro-ministro, numa escola de Faro a benzer-se como um crente fiel do rebanho da pastoral da ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana - é assim que a devemos chamar para não nos confundirmos). Há menos dias, na inauguração de uma nova escola do 1º ciclo do ensino básico, em Loulé, lá estavam eles: o estado, representado pela Direcção Regional de Educação; a administração local com toda a Câmara; e o padre local claro, para benzer as casas de banho onde o meu filho foi mijar. O problema é que eu não quero água benta sobre a cabeça. O problema é que nem todos somos carneiros do rebanho da ICAR. Ateus, ortodoxos, agnósticos, baptistas, adventistas, etc, provavelmente todos aqueles que cagaram para estar no meio do conúbio. O governo que quis retirar os crucifixos das escolas (e bem), que retirou a Igreja do protocolo do estado (e bem) está agora a benzer todas as novas escolas. Com Sócrates a fazer o sinal da cruz. Uma vergonha, confundir o estado, que é laico, com a igreja.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Visões sobre a poluição nas praias de Loulé

Noticiaram os jornais que as praias entre Quarteira e Quinta do Lago, no concelho de Loulé, estiveram interditas a banhos devido a uma larga mancha de poluição, acompanhada de mau cheiro. A interdição foi desencadeada pela Comissão de Coordenação da Região do Algarve, cujas análises detectaram valores poluidores acima da média estabelecida. Revolta nas praias. Nem a bandeira vermelha impede os banhistas de experimentarem caniços e água de esgoto, mesmo que isso implique a urticária do costume. Com um azul daqueles, mesmo que por ora mais escuro do que o costume, quem é que resiste a banhos?
Em pleno verão, numa área de competição pelos fluxos turísticos, as respostas querem-se prontas e sobretudo a descarregar água do capote. Se a alguém ocorre justificar o sucedido pela ineficácia do funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Vale do Lobo, apressadamente alguém diz logo que não: a estação é nova e não é culpada duma maldade destas. Quem é que paga então as favas? A ribeira de Carcavai, que deve desaguar ali, entre a praia do Trafal (e não Tarrafal – chiça – como lhe chamaram o DN e o JN; lá esteve o jornalista do Público para salvar a situação e repor a localização geográfica que os dois anteriores periódicos também mal informaram) e a de Vale do Lobo, há uns bons milhares de anos. Só que, agora, não tem caudal para ir ter ao mar. Fica-se por ali, durante o calor, a estarrecer água pantanosa e caniçal de junco, como quase todas as ribeiras do litoral sul do Algarve. O problema é que autarcas, governantes e gestores só se lembram delas no pico do verão, quando decidem mostrar os seus valores em coliformes, no meio dos corpos bronzeados dos banhistas.
Eu, que conheço aquelas águas há muito tempo, lembro-me de que nas semanas anteriores – entre 7 e 14 de Agosto, por exemplo –, havia comentado que elas mereciam uma análise séria. Porquê? As águas cheiravam mal e tinham uma mancha de poluição evidente. E que me lembre não tinha chovido, de modo a arrastar águas estagnadas da ribeira. Lembro-me ainda que nessa semana, em Vale de Lobo, aconteceu o Grands Champoins de Ténis* que levou milhares de turistas suplementares ao local, durante quatro dias. E o que é que o cú tem a ver com as calças, perguntam vocês. Talvez nada. Ou talvez tudo. Por isso, parece-me de bom-tom investigar como é que a ETAR de Vale de Lobo trata o que entra lá dentro. E o que é que manda, realmente, cá para fora.
>>>
* Por lapso surge "Open de Golfe" no texto que publiquei no Público do passado dia 24 de Agosto (ler aqui). As minhas desculpas.

sábado, agosto 12, 2006

sexta-feira, julho 28, 2006

Tristes, os porta-vozes!

Quem não admira aqueles actores que parece que fizeram o método Stanislawski, mas depois se engravataram rendidos à diplomacia evangélica? São admiráveis quando aparecem com a Casa Branca ao fundo, porta-vozes de uma peça que quase todo o mundo já viu. Falam como os antigos "pontos" que - escondidos na água-furtada da boca do palco - debitavam as deixas quando o cowboy se enganava. Tristes, vi um deles ontem falar em nome de Israel, por causa de umas bombitas de carnaval que caíram sobre uns desatentos observadores que brincavam às guerras no Líbano.

quarta-feira, julho 26, 2006

Hoje, somos todos anti-semitas!

Interrompo o silêncio – que já dói – para manifestar o meu protesto. A aviação israelita acaba de bombardear o posto de observação das Nações Unidas. Morrem 4 observadores internacionais e o governo de Israel diz que não houve premeditação e que nunca o faria. Mas fê-lo e ninguém acredita que eles não soubessem o que estavam a bombardear. Erros desses não se cometem. Os EUA fizeram muitos desses erros no Iraque e todos nós sabemos porquê. Aliás, quer dizer alguma coisa o facto de Condoleeza Rice, secretária de estado norte-americana, andar por aquelas bandas por estes dias? Chega de paninhos quentes sobre os coitadinhos de Israel, que já disseram apoiar o seu governo. Que se foda o anti-semitismo que serve de panaceia para ocultar todas as atrocidades do outro lado!

quarta-feira, julho 05, 2006

quinta-feira, maio 11, 2006

Outras escritas



Nos próximos tempos - espero que breves - a escrita neste blogue transfere-se para outro suporte. A mesma sala, as mesmas máquinas, muitos livros e fotocópias, o computador portátil. Tudo isto dará uma tese. Finalmente. Depois regressarei. Entretanto a sobrevivência e o vício permite-me estar aqui.

Vozes



Todos os amores são imperfeitos

Amanhã, às 21.30h, no CineTeatro de S. Brás de Alportel

?

Pedro Ferraz da Costa é um dos convidados habituais do "frente a frente" da SicNotícias. Ninguém percebe porquê. Talvez por ter um nome neocons.

quarta-feira, maio 10, 2006

O silêncio dos inocentes

Depois da baleia anã nas malhas das redes da armação de atum em Tavira caminhavam, hoje, para lá, um cardume de roazes corvineiros. Vi-os, hoje, a 20 metros da costa, na Praia de Quarteira.

Uma frágil voz

Confesso que não me entusiasma nada a escrita (melhor, a leitura) de João Aguiar em «A Voz dos Deuses». Talvez o autor tenha querido escrever à maneira de Viriato?

terça-feira, maio 09, 2006

Divórcios

Em 2050 ainda seremos os últimos na Europa em rendimento. Provavelmente nesse ano ainda seremos os primeiros em divórcios. Um divórcio tipicamente português.

Um conto na VL

A VL de 1 de Maio traz um conto do António Baeta Oliveira.
Todos os dias 1, mais um conto, por mim escolhido.
*
Um 1º de Maio em Silves

Era tarde na véspera do 1º de Maio. Passaria já mesmo da meia-noite. Ali, no Largo dos Bombeiros, sob as arcadas dos Paços do Concelho, um grupo de rapazes conversava. Trocavam sonhos e falavam de um tempo em que era possível desejar um mundo melhor sem ter que se refugiar de ouvidos indiscretos ou ler livremente o livro que agora passavam, escondido, de mão em mão, sem pôr em risco a sua segurança e a dos outros.
*
O conto integral pode ser lido aqui.

segunda-feira, maio 08, 2006

Selvagem

«Gansos do Canadá? E será que eles têm uma política de emigração definida para koalas?». É por causa destas piadas políticas que eu adoro ver filmes com os meus filhos.

sexta-feira, maio 05, 2006

Em directo

A minha "rua" está numa agitação tremenda. São as directas do PSD que provocam tamanha motivação, dizem-me.

quinta-feira, maio 04, 2006

FMI

FMI, quer dizer Fundo Monetário Internacional. Uma transcrição segura de Ivan Nunes. E a música para ouvir, lá em cima.

quarta-feira, maio 03, 2006

24: Tudo o que é mau faz bem

A série de culto "24", há muito tempo nos serões de 4ª feira da 2:, é citada como exemplo de leitmotiv para o desenvolvimento cognitivo do espectador no campo da percepção das relações sociais. Quem o diz é Steven Johnson, o mais recente guru digital e autor do livro «Tudo o que é mau faz bem», em entrevista à revista "Dia D", do Público. Há muito tempo seguidor compulsivo de 24, e também acompanhante das descobertas da cognição tecnológica, é mais que certo que no fim de semana a obra esteja na minha cabeceira.

terça-feira, maio 02, 2006

Os calos sociológicos

A série documental "Os emigrantes" - de que já aqui falei -, e que passa nas noites de terça na RTP1, tem destas coisas: podemos ficar a saber, através da excelente investigação do jornalista Jacinto Godinho, que a emigração para o Canadá obrigou o governo de Salazar a criar uma Comissão de Inspecção de selecção dos emigrantes. O principal critério de escolha era baseado na observação e tacto das mãos. Quantos mais calos melhor. Os emigrantes escolhidos, em geral, iam cair nos trabalhos de construção das linhas férreas do país de destino. Outros tempos, no Canadá.

quinta-feira, abril 27, 2006

Scolibras, queria dizer Scolari

Acham que vale a pena perder tempo a falar do pacóvio do Scolari (eu que já escrevi umas coisas sobre o militarista e começo a parecer xenófobo), ou é preferível preocupar-me com os saloios que andaram a hastear bandeirinhas (literalmente, e chinesas!) no último europeu de futebol? Se o homem quer ganhar muitas libras à conta do zé povinho que o faça. Por mim desde sempre que lhe descobri a careca. O Rui Santos ali ao lado na SicNotícias (ah! e tantos outros por esse Portugalinho fora) só agora é que perceberam o logro. Mas mais vale tarde do que nunca, verdade?
Nota: viram o homem a pensar como é que haveria de negar, em inglês, ao jornalista de Sua Majestade, que tinha acabado de reunir com o director executivo da federação inglesa de futebol?

quarta-feira, abril 26, 2006

Água, para que vos quero?


Idálio Revez, jornalista algarvio do Público, tem um texto no suplemento "Local" do jornal de ontem onde mostra que dos 31 campos de golfe do Algarve apenas um (o dos Salgados) utiliza, na rega, água residual reciclada. Como eu já tinha afirmado, a AHETA, não devia estar a falar verdade quando afirmava que a maioria dos campos não consumia água destinada ao consumo doméstico. Sabendo que estão previstos mais 19 campos de golfe “que estão em fase avançada de processo de licenciamento”, podemos imaginar o consumo nos próximos meses de verão. O jornalista dá um dado que pode responder a isto: o campo de golfe da Quinta do Lago gasta 2.500 metros cúbicos de água, só num dia, no mês de Agosto. Entretanto, a AMAL (Associação de Municípios do Algarve) discute um tarifário para consumo doméstico de água que prevê aumentos à volta dos 100 por cento.

Media

O FCP já ganhou o campeonato. Assim, o interesse dos media anda agora de olhos postos nas eleições do Sporting. Todos os dias, nas TVs com canal específico de notícias, lá estão os três aristocratas candidatos. Sempre são mais do que os candidatos à liderança do PSD.

terça-feira, abril 25, 2006

Abril [2]


Há 32, como há dois anos. Cultivar a memória individual no âmago da memória social. Reler os escritos que levaram 30 anos a construir-se em palavras.

segunda-feira, abril 24, 2006

Prás urtigas

A ICAR esquece-se que o tempo do cardeal Cerejeira e da promiscuidade deste com Salazar já lá vai. Lá por existir aquilo a que os promotores da alienação chamam de Concordata, não quer dizer que a igreja esteja sempre a interferir nos campos da política. Mas hoje, fê-lo mais uma vez: pela voz do bispo do Porto, que teve as televisões ao seu serviço para aconselhar os políticos e os médicos a “defenderem o bem contra o mal, a vida contra a morte…”. O homem falava da interrupção voluntária da gravidez, claro, ele que é tão sabedor das matérias do corpo e da gestação da vida; e sobretudo dos problemas sociais e económicos das mulheres e dos homens do país, em especial das periferias da sua cidade. Talvez fosse tempo dos políticos e dos médicos terem também direito de antena para dar uns conselhos ao bispo. E de mostrarem à igreja que deve cuidar do seu rebanho cada vez mais tresmalhado em vez de se preocupar com os rebanhos dos outros.

domingo, abril 23, 2006

Abril [1]



Uma constatação: hoje, quem fala de Abril não são os que o viveram. Como Abril foi uma construção social - como qualquer realidade -, a apropriação de Abril é hoje feita pela incorporação dos valores objectivados em novos porta-vozes.

sábado, abril 22, 2006

Como eu gosto de ti



Eu agora só falo de deputados algarvios. Ele são as faltas às sessões parlamentares. Ele são as poesias e os cantos de intervenção. Anda Pacheco.

As faltas dos deputados (isto é só para chamar a atenção)

Percorrendo a imprensa online algarvia farto-me das justificações facetas dos deputados algarvios, a propósito da sua presença ou ausência da sessão parlamentar de há uns dias. Ele é o Miguel Freitas, em reuniões partidárias...; até o deputado de Loulé, Hugo Nunes, me envia mail. Não devo ter sido o único felizardo a receber a missiva-ataque (desculpem, estou a lembrar-me dos Massive Atacck, bela música), a provar que estava presente nesse dia. Mas que raio tenho eu a ver com isso? Nem votei neles. Não votei em nenhum eleito. Quem votou deve protestar e obrigá-los a fazer trabalho comunitário em vez de "trabalho político" (nome pomposo, hem?). Bem, mas eu queria era falar-vos de Muhammad Yunus, o fundador do conceito de microcrédito no mundo, que iniciou a caminhada no Bangladesh natal, com as mulheres pobres de meios rurais. Vem isto a propósito da minha aula com o 4º ano de Educação Comunitária para a qual convidei um amigo - agente de microcrédito - da Associação Nacional de Direito ao Crédito. A obra de Muhammad Yunus é um paradigma do verdadeiro trabalho político junto das comunidades desfavorecidas, dos pobres do mundo, e a sua outra obra «Banker to the Poor», traduzido em Portugal pela Difel ("O Banqueiro dos Pobres") um portento de ideias económicas de justiça social. O Grameen Bank é um bom exemplo do velho axioma de Schumpeter "small is beautiful".

quinta-feira, abril 20, 2006

A ler II

A "Fauna das Caixas dos Comentários" no Abrupto. Percebe-se porque está a minha caixa fechada.

A ler

Método científico: Mal acordo, procedo às habituais rotinas quotidianas. Antes da higiene oral, banho e mata-bicho, despacho a primeira urina matinal (termo médico). Ou quase. Explico: estranhos fenómenos pélvicos apoquentam-me a consciência e impossibilitam a drenagem. No bom e velho espírito do senhor Karl Popper, adopto uma perspectiva puramente científica.
[Tiago Galvão no Diário]

Ontem

Notícias das velas acesas nos 500 anos do Massacre de Lisboa: aqui; aqui; aqui; e aqui.

Somos todos judeus?

Antes de ler este post do Luís tinha estado a consultar uns dados sobre o Massacre de Lisboa e por sequência escritos sobre a genealogia judaica em comunidades portuguesas, brasileiras e americanas. Quando li o extracto da entrevista do empresário de turismo - um bom observador e intuidor - mas falho de conhecimento sobre a onomástica dos marranos, lembrei-me de vos deixar dois links para estudos importantes sobre o tema. Ficam aqui e aqui.
[como se adivinhava, pelo meu nome, nada me liga a antecedentes judaicos]

Ante-Pós

Santos Cabral. Alguém conhecia este nome antes da sua demissão de Director Nacional da Polícia Judiciária?

quarta-feira, abril 19, 2006

Hoje:

Ei-los que partem!


A acompanhar com atenção, muita atenção, o trabalho liderado pelo jornalista Jacinto Godinho que passa nas terças da RTP1, sobre os Emigrantes. O primeiro episódio, sobre "Os Primeiros Emigrantes" - nos EUA e no Brasil - deu um panorama da qualidade e cuidado da investigação. Apesar das desoras. Apesar dos concursos prévios.

terça-feira, abril 18, 2006

A ler

Tiago Barbosa Ribeiro começou a publicar os primeiros contributos sobre o SERVIÇO PÚBLICO (V1.0). Aqui está uma primeira versão dos contributos recebidos para a desburocratização de processos na administração pública, partindo de casos concretos de todos os dias.

segunda-feira, abril 17, 2006

Os "Judas" de Roma


Hoje à noite, na 2: (onde deveria de ser?), passa o último episódio da série, - fora de série - Rome. Vamos assistir às facadas de Brutus sobre Julius, segundo a narrativa de Cícero: assim se conjugam os desejos de Servília, mãe de Bruto, e de Átia, sobrinha de César e mãe de Octaviano, que há muito espera na sombra, como todos os poetas. Depois, bom, talvez pensemos no evangelho segundo Judas Escariote, dito gnóstico, mas que eu reputo de agnóstico.

domingo, abril 16, 2006

O difícil primeiro.

Apesar de um interregno longo, o Luís fez ontem um ano de postagens. Parabéns a quem resiste.

Marketing

É verdade que já se esperava: encontrar o livro de João Pedro George «Couves e Alforrecas...» num amarelo bem hirto, de pé na prateleira sobre os livros alinhados da marca registada* ali deitados por baixo. Tudo na FNAC do AlgarveShopping, na Guia. Assim vende-se tudo, percebem?

* Margarida Rebelo Pinto

sábado, abril 15, 2006

Como vamos de choque tecnológico?

A propósito das simplificações administrativas, sugeridas pelo Tiago Barbosa Ribeiro no seu blogue Kontratempos, o meu contributo foi este:
Há dias tentei inscrever-me no serviço de acesso directo da Segurança Social (SS), para obter diversas informações online. Como tinha um nº antigo (de 9 dígitos) necessitei de solicitar o actual (de 11 dígitos). Rápido e fácil, por Email; mais rápido e fácil, ainda, porque o site disponibiliza uma alteração imediata. Com estes dados tentei inscrever-me de novo. Só que desta vez a morada constante era uma das minhas antigas residências; e por isso tive de cancelar a operação. Procurando no site da SS não encontrei nenhum formulário/janela/serviço que me permita alterar a morada e inscrever-me. Conclusão: o mais fácil é, para o site da SS, o mais complexo.
Entretanto, acabei por enviar um mail ao serviço da SS Directa, a solicitar alteração da morada. A resposta do serviço foi esta:
Em resposta ao mail enviado, vimos por este meio informar que, para proceder à actualização de morada poderá dirigir-se ao Centro de Segurança Social com o respectivo Bilhete de Identidade e um comprovativo de morada. Para mais informações sobre o Serviço Segurança Social Directa , poderá contactar-nos através do telefone: 21.4230101.
Com os melhores cumprimentos,
Serviço Segurança Social Directa
Instituto de Informática e Estatística da Segurança Social, I. P.
*
Um verdadeiro choque (tecnológico)!

sexta-feira, abril 14, 2006

A ressureição

À nossa volta um céu plúmbeo, uma névoa de chumbo que cobre a vista. Tempo fresco a combinar com os dias. Ali ao lado na ribeira, malmequeres, borragens, cardos ainda húmidos do orvalho da noite, à espera que o calor os torne em gás e a fotossíntese faça o que lhe compete. Olhando o sul, a mesma névoa da manhã de Abril paira sobre o mar. No norte, as serras não escondem o mesmo manto.
Mas algo perturba este universo idílico mas tão ‘real’. Sei que por trás de cada janela, nesta manhã que dizem ser santa, está um turista, zangado e triste à espera da ressureição solar. Esse deus que não chega, quando nele se apostou o fim-de-semana: roupa fresca, euros, hotéis a 90% da capacidade turística, lagosta no vapor. Se o deus não cumpre o seu papel, eles sabem como mistificá-lo: vestem os seus calçanitos e a curta tshirt, põem os chinelos e vão “para a praia da Quarteira”. Mesmo com a água fria e o vento agreste de nordeste, os acólitos ficam lá todo o fim-de-semana, a tiritar de frio, aguardando a rotina de segunda. E assim justificam a adesão do seu martírio em nome da apropriação de deus.

Do serviço

Muitas alterações na lista de blogues, ali ao lado.

Ronaldo

O pênalti perdido passa a representar ou confirmar um conceito muito aceito no futebol: o da fase ruim. Porque "quando a fase é ruim", nada dá certo. A bola bate na trave e sai, o zagueiro salva em cima da linha, o juiz anula gol legítimo. Tudo acontece, inclusive o craque perder um pênalti (muito mal batido, é evidente; não foi uma questão de azar). Mesmo um jogador "velho e gordo" é capaz de fazer melhor do que isso...
Última coluna da Soninha na Folha de S. Paulo.

Onde é que eu já ouvi isto?

Diz Vitalino Canas - vice-presidente da bancada parlamentar do PS - que os deputados são cidadãos como outros quaisquer. E que por isso também podem apresentar atestados médicos para justificar a sua ausência da sessão parlamentar de anteontem. No caso de Vitalino, vai ter de apreciar 55 atestados. Foi esse o número de deputados do partido do governo, ausente das votações parlamentares.

quinta-feira, abril 13, 2006

Reforma administrativa

A acompanhar, com atenção, o serviço público do Kontratempos. O meu contributo estará aqui em breve (sobre a Segurança Social).

Pecadilhos

Verdadeiro choque tecnológico são os pecados inventados nesta páscoa pela ICAR. Sócrates que aprenda!

Aristograças

«Sérgio Abrantes Mendes assumiu ontem que pode avançar com uma candidatura às eleições do Sporting, por considerar que "Filipe Soares Franco não faz fractura ...».
Sempre disse que o Sporting só vivia da aristocracia.

E eu, sou um carapau de corrida?

«Os homens da blogosfera, os que escrevem mais ou menos, embora pensem todos mal, sem excepção, mas, pronto, aqueles que conseguem, por via dos bons compadres políticos, umas colunas num pasquim qualquer que não interessa a ninguém... que trambolhos! Mas que grandes trambolhos! Feioooooooooooosss! Parecem uns peixes (...)»
Tudo na Sociedade Anónima.

quarta-feira, abril 12, 2006

O massacre do Rossio

Não percebo nada de halakah e as velas para mim servem para alumiar ou cheirar; antes, para dar sebo ao cautchout das bolas de futebol. Mas um etnocídio será sempre um massacre. E aqui estou eu bradando contra todos os pogroms de genocídio.

terça-feira, abril 11, 2006

Bons sinais para a Ria de Alvor

Depois da vergonha que foi o comportamento político da Câmara de Portimão (CMP) destaca-se, aqui, a posição da Assembleia Municipal de Portimão que aprovou, por unanimidade, uma moção – apresentada pelo Bloco de Esquerda - em defesa da reposição dos habitats destruídos na Ria de Alvor. Lembro que mais de 10 hectares de coberto vegetal do sapal da Ria foram destruídos pelo grupo Imoholding do presidente do Naval 1º de Maio, Aprígio dos Santos, com a conivência da CMP que antes visitara os terrenos da Quinta da Rocha em sinal de reconhecimento e legitimação do proprietário. Espera-se agora que as autoridades cumpram os devidos procedimentos administrativos referentes ao crime ambiental.

O silêncio é de ouro

É verdade que Cavaco Silva ganhou as presidenciais pelo silêncio. Também é verdade que preside, sem se ouvir a sua voz.

Sim,

reparei no sotaque italiano do cardeal Saraiva, ainda há pouco no programa Prós e Contras. Na verdade é aquele linguajar que atribui a legitimação da verdade religiosa ao Vaticano. Desta vez sobre a "crise" da Europa.

segunda-feira, abril 10, 2006

Comentários

Há meses atrás resolvi fechar a caixa de comentários deste blogue. Tal como na minha casa não entra gente que não seja convidada também aqui se evita a boçalidade que por aí vegeta, rasteira e ignorante.

Adeus CPE

O governo francês cedeu na tentativa de impor a CPE (Contrato de Primeiro Emprego), que defendia a precaridade contratual e profissional dos jovens empregados franceses. O argumento é de que não se encontram reunidas as condições para a lei. Nada mais certo. E agora digam que os protestos massives em França não dariam qualquer resultado.

O Principezinho

Entre outras lembranças clássicas cognitivas, recordo o desenho da gibóia que tinha comido um elefante, mas que poderia ser um simples chapéu. Entre a abstracção de um adulto e o raciocínio operativo simples de uma criança, está todo o campo de análise do «Principezinho» de Antoine de Saint-Exupéry, que por estes dias faz 60 anos. Eu por mim tenho duas edições diferentes e li-o noutras tantas que não estão em casa.

domingo, abril 09, 2006

Um referendo

Na selecção alemã de futebol, o mesmo dilema das balizas portuguesas. O seleccionador Jurgen Klinsman acabou por escolher Lehman em detrimento de Oliver Kahn depois de 22 meses de experiências e hesitações. Os fãs de Khan – muitos artistas entre eles – chegaram a representá-lo como o destinário da evolução dos primatas. Belo trabalho! Em Portugal, há muito, o ditador Scolari optou por Ricardo (que também tem camiões de fãs) em desfavor de Baía. Como Scolari não é democrata e se arma em militarista aconselho um referendo para escolher o guarda-redes das camisolas de Portugal.

quinta-feira, abril 06, 2006

Microtextos [3]

Berardo. Finalmente, a colecção Berardo fica em Portugal, no Centro Cultural de Belém. Berardo diz que tem 2000 peças, Mega Ferreira (presidente do CCB) diz que só interessam 850; e destas expor talvez 200. A colecção está avaliada em 34 milhões de euros; mas há também quem a avalie em 100 milhões. Berardo quer fazer da colecção um trampolim para que o CCB seja o museu mais visitado do mundo. Mega Ferreira diz que tá bem tá, belo objectivo (deve estar a pensar que Berardo não conhece o Guggenheim ou o MoMA). E Sócrates? Bom, Sócrates – como um adolescente que descobre o poder – lá vai dizendo: quando vi pela primeira vez a colecção pensei logo que o lugar dela seria em Portugal.

Microtextos [2]

Mário Viegas. O Beckett português – porque “não há nada mais cómico do que a desgraça” – morreu há 10 anos. Um diseur de poesia que afirmava que “os poemas não se explicam, ouvem-se”. Viveu sempre no gume da navalha: no teatro como na vida, a assunção de um espírito tão livre quanto libertário. Lembro-me sempre de quando, ainda adolescente, ouvi o «Poema do Ódio» de Almada Negreiros dito por ele. Estava junto da Ria Formosa e foi como se uma luz marítima entrasse adentro de mim. Apetece-me relembrar, como Almada sobre Júlio: morra o Dantas, pim!

Microtextos [1]

ETA e Zapatero. Os protestos do Partido Popular espanhol (PP), sobre as negociações do governo espanhol com a ETA para uma declaração de paz, não se remetem à aludida negociação sem entrega de armas e assunção de arrependimento. O que o PP não esperaria é que o governo espanhol conseguisse um cessar-fogo sem mortes, que prossegue a ausência de mortandade que dura há três anos. E que é o primeiro passo para uma negociação concertada sobre a presença identitária das muitas nações de Espanha, em regime de reciprocidade. Talvez o PP quisesse desenvolver uma política à administração americana: primeiro faz-se a guerra preenptiva; porque com os terroristas não se negoceia.

quarta-feira, abril 05, 2006

O Arade ali em Silves

A ler, com muita atenção, o texto do António Baeta Oliveira sobre o rio Arade. Para perceber para que é que o rio tem servido nos últimos cinco anos. E para assinar a petição online que se divulga aqui (não esqueça de, em vez de País/Cidade, escrever BI, data e arquivo).

segunda-feira, abril 03, 2006

Nunca mais são 23 horas

Romaromaromaromaromaromaromaromaromaromaromaroma
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Roma

Pode o rio Arade ser um deserto que doa a alma?

Senhores(as):
O Rio Arade, no Algarve, tem sido nos últimos anos largamente referido nos órgãos de comunicação social, não só pelos seus atributos ambientais e turísticos, como pelo importante papel que sempre desempenhou no desenvolvimento local, ao longo da história. A sua revitalização e desassoreamento são velhos sonhos e reivindicação das populações ribeirinhas, de Silves a Portimão. De há dez anos para cá que se multiplicam os esforços para que o desassoreamento, despoluição e revitalização das margens do Arade sejam uma realidade. Visitas e declarações públicas favoráveis de membros do governo (de todos os partidos, assinale-se), presidentes da república, e outros, pouco ou nada adiantaram. Projectos (2), estudos de impacte ambiental,verbas consignadas em sede de PIDDAC, de tudo já houve. Numa altura em que se discute e se pretende a revisão do novo PROT para a região algarvia, sobre o Arade nada fica claro no referido documento.Os algarvios, sobretudo os que habitam nos concelhos ribeirinhos (Silves, Lagoa, Monchique e Portimão), começam a estar fartos de tantas promessas e dispêndio de dinheiros públicos, até agora inconsequentes. Por isso, os abaixo-assinados, endereçam esta petição pública ao Governo, Assembleia e Presidente da República, IPTM e CCDRAlgarve para que, de uma vez por todas, assumam as suas responsabilidades e posições públicas levando por diante aquilo que é, por todos, considerado um importante projecto de desenvolvimento regional.
Sincerely,
*
153 assinaturas! É pouco, muito pouco para um rio que fez tanto por nós! Assine aqui.

Por este rio acima [6]

«É o que o rio Arade é hoje em dia: um reles fio de água, silvas, lodos, porcaria. Matar o Arade é matar a cultura árabe. Exagero? Sem o Arade o que cantariam os poetas de Silves? Não foi o deserto que os encantou! O deserto é o destino dos desterros de Silves, terra do rio e das águas santas que nunca se esquecem.
Pode o rio Arade ser um deserto que doa a alma?»
*
(quando assinar coloque o nº do BI no campo "País/Cidade")

domingo, abril 02, 2006

Por este rio acima [5]

«Muito, muito mais tarde desci o rio, de canoa. Foi ele que me levou rio abaixo até às velhas fontes de Estômbar. E no dia seguinte me transportou rio acima até à cidade de Silves. Depois, passei debaixo da ponte e terminei no pego fundo, onde em tempos idos tinha mergulhado de cima duma velha nogueira marginal. Para lá dela a canoa não passava: um reles fio de água, silvas, lodos».
Campanha pelo Desassoreamento e Despoluição do Rio Arade - Algarve
(quando assinar coloque o nº do BI no campo "País/Cidade")

sábado, abril 01, 2006

Por este rio acima [4]

«Com esta brincadeira fiquei dois anos em Silves e se escolhi jogar futebol no Silves Futebol Clube foi também por culpa do rio. Nos treinos sentia o cheiro das águas, as mesmas que corriam até à minha casa e que me encontravam no dia seguinte, de manhã, quando rumava de novo à cidade. Os meus passeios não ignoravam as ladeiras de calcário ou os pós de grés do castelo, mas os meus passos, inelutavelmente, desciam para aquelas águas curiosas e secretas».
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(quando assinar coloque o nº do BI no campo "País/Cidade")

sexta-feira, março 31, 2006

Curb your enthusiasm


Dia de Larry David na 2:

Por este rio acima [3]

«Na escola fui entendendo melhor, até que ela mesmo me transporta para Silves, para conhecer as cadeiras da secção preparatória que me retornaria ao liceu da minha terra. De longe, preferi aos bancos da escola os humores do rio. Todos os dias o atravessava – na ponte medieval que os saudosos românticos arabizavam – cheirando o perfume das laranjeiras de pés molhados enterrados no leito do rio, na quinta do mata-mouros, pois então. Habituei-me a roubar laranjas nos paralelos das margens do rio, que naquela altura não podia atravessar a vau, só de barco. Muitas vezes olhava e ajudava na pesca da eiró, pendurada nos pandulhos de rede ensardinhada que os velhos pescadores – operários corticeiros de outrora – dependuravam no cais do rio entre a dita ponte e a paragem da camioneta da estação».
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(quando assinar coloque o nº do BI no campo "País/Cidade")

quinta-feira, março 30, 2006

Pode o Rio Arade ser um deserto que doa a alma?


O jornal barlavento - de Portimão - publica, hoje, a minha crónica sobre o Rio Arade. O texto não pretende ser uma fundamentação científica para a importância económica e cultural do rio; mas é tão só um desabafo, um pequeno desabafo, sobre o estado actual do curso de água mais importante no contexto ecológico do Algarve. Um rio que marcou a minha adolescência de várias formas; e uma fonte de inspiração para muitas escritas, de muita gente. Foi a leitura do texto do António que me sentou no teclado e me fez escrever, de rajada, um texto que enviei de imediato para o jornal, que o publicou.
A minha intenção foi a de apenas manifestar um módico de solidariedade com a Campanha pelo desassoreamento e despoluição do Rio Arade.
Quem quiser ler a crónica online, no barlavento, pode fazê-lo clicando na imagem acima. De qualquer modo continuarei a publicar no blogue, diariamente, a mesma em folhetim. O Rio da minha aldeia merece-o!

Por este rio acima [2]

«Mais tarde comecei a perceber que o rio Arade não nascia ali, ao pé da minha casa. Vinha de longe, provavelmente de muito longe, pois de vez em quando trazia as laranjas de uma terra distante, que eu não conhecia, mas saboreava, depois de as limpar da terra argilosa que deixava esculturas de barro nos dedos. Comecei a perceber que, aquele rio pardacento que refrescava o meu corpo nos verões de Portimão, vinha das serranias abruptas do Algarve, mas deveria ser adocicado por culturas tão antigas quanto belas nalguma cidade da moirama».