sexta-feira, fevereiro 23, 2024

Artur Jorge [1946-2024]

                                                                     (fonte: Wikipédia)

Quando o comecei a ver jogar estava na ponta da lança da Briosa, a velha Académica vestida de preto, e usava os seus dois nomes, pouco comum na época de jogadores com apenas nome próprio, e conhecidos de todos; a moda do nome completo, que ocupa as televisões, vem muito depois. Marcava muitos golos e esse facto obrigava-o a ser discreto. Apesar disso, foi o primeiro presidente do Sindicato dos Jogadores, publicou um belo livro de poesia e ouvia música clássica enquanto via os jogos na TV, com o som apagado. Para ele, os comentários dos locutores eram saraivadas sobre a bola e sobre os jogadores, que respeitava como ninguém. Segui muitas vezes o seu hábito - e ontem mais do que nunca -, porque ver o Benfica, ouvindo a ‘picareta falante’ ‘daquele que é um tal de Caneira’, ‘ou seja’, ‘aquele que acaba por ser’ o comentador mais manhoso ‘daquilo que é o futebol’, ‘naquela que é a pior prestação televisiva’. Façam como o Artur Jorge, vejam a bola e desliguem o som para não ouvir Caneira e outros que tais.

segunda-feira, fevereiro 19, 2024

20 ANOS: À Espera de Novos Post(e)s

 

Há 20 anos atrás, dia 19 de fevereiro de 2004, no velho suporte de blogues do SAPO, entrava a minha primeira posta. Ainda estávamos no tempo da postagem em código ‘HTML’. Como não tenho tempo de a verificar e linkar, direi apenas que transcrevia uma das minhas primeiras crónicas no jornal regional A Voz de Loulé, sob o título «Contrasenso» (assim mesmo). Depois, foram muitos meses a postar, a partir de sonhos e sonos paradoxais sobre microtextos com remate final (a lógica dos posts do tempo). Com a dificuldade do SAPO, em suportar a avalanche dos bloggers dos anos criativos de 2003-2004, enveredei – como muitos na altura – para o suporte do Blogger (blogspot.), escrevendo lá o primeiro texto a 12 de outubro de 2004. Assim, comemoramos o fim da época teenager hoje mesmo, à espera de novos post(e)s.

terça-feira, novembro 21, 2023

Notas sobre o cão de Kafka, melhor de Max Brod

Encontrei, numa folheca A6, umas notas escritas aquando da leitura do livro de F. Kafka, aqui referido. Trata-se de pequenas citações da história escrita entre 1921-1931 e intitulada por Max Brod como “Investigações de um cão”:

«… quero animar-me através do silêncio, que é a única coisa ao meu redor que me ainda responde»

«… a severidade da velhice resiste cada vez mais às questões inquietantes»

«… e uma autonomia prematura é inimiga de uma aprendizagem sistemática».

Por que razão as escrevi?

segunda-feira, novembro 20, 2023

Histórias da Biblioteca #3

 

Ficou esquecido dentro de um livro estranho, ou foi propositada a benesse ao leitor descuidado que escolheria aquele livro, por acaso, nas estantes da biblioteca? Alguém escreveu a letras maiúsculas pretas, numa folha metade de A4, um poema de Herberto Helder, para ser lido…e fez metaliteratura. O poema continua inscrito nos livros.