segunda-feira, setembro 18, 2006

O conúbio Estado-Igreja

Lembram-se dos tempos do cardeal Cerejeira? O homem estava em todas as iniciativas do estado salazarista. Benzia carros, edifícios e tratava das almas que iam para o céu. O estado democrático continua a confundir laicidade e religião. Por questões de interesse político, mais votos dos católicos, a maioria da população portuguesa, dizem. Há dias viram Sócrates, o primeiro-ministro, numa escola de Faro a benzer-se como um crente fiel do rebanho da pastoral da ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana - é assim que a devemos chamar para não nos confundirmos). Há menos dias, na inauguração de uma nova escola do 1º ciclo do ensino básico, em Loulé, lá estavam eles: o estado, representado pela Direcção Regional de Educação; a administração local com toda a Câmara; e o padre local claro, para benzer as casas de banho onde o meu filho foi mijar. O problema é que eu não quero água benta sobre a cabeça. O problema é que nem todos somos carneiros do rebanho da ICAR. Ateus, ortodoxos, agnósticos, baptistas, adventistas, etc, provavelmente todos aqueles que cagaram para estar no meio do conúbio. O governo que quis retirar os crucifixos das escolas (e bem), que retirou a Igreja do protocolo do estado (e bem) está agora a benzer todas as novas escolas. Com Sócrates a fazer o sinal da cruz. Uma vergonha, confundir o estado, que é laico, com a igreja.