quarta-feira, novembro 10, 2004

A vida numa colher

Isto das leituras tem épocas, como tudo. Por várias razões [uma importante é o momento de descanso da tese] tenho lido vários álbuns de banda desenhada nos tempos que correm. O José Carlos Fernandes já me tinha falado da veia artística do Miguel Rocha e na primeira oportunidade não resisti. Resultado: apanhei um banho de cor, entre os azuis volúveis dos seus céus alentejanos, os ocres das terras de Siddharta e os vermelhos-sangue das beterrabas, dos milhões de beterrabas que Olegário cultivava como o elixir da sua eterna juventude. Mas para além das soberbas pinturas que são cada uma das vinhetas, Miguel Rocha é ainda um argumentista sólido, dos poucos que aguenta uma narrativa séria e complexa e que se desfaz apenas no remate esperado. Uma obra imparável, na leitura e na beleza gráfica.

p.s.: parabéns ao José Carlos Fernandes pelo prémio de melhor argumento para banda desenhada.