quarta-feira, novembro 10, 2004

Terroristas e milionários. Quem são?

Habituei-me, em jovem, a ouvir os arrazoados dos governos de Salazar e Marcelo chamarem de “terroristas” os militares e a população das colónias africanas onde o regime ia roubar o dinheiro para se bastar “orgulhosamente só”. Mais tarde fui entendendo o termo como representando todos aqueles que lutavam pelos seus direitos contra imperialismos alheios. Foi isso que me levou a recusar o recenseamento para integração no serviço militar com a consequente mobilização para "carne para canhão" na Guiné ou em Angola. O 25 de abril safou-me e isso também se deve a todos os jovens negros que, como eu, lutaram pelo Abril nas suas terras africanas.
Hoje, pela multiplicidade de formas guerreiras em todo o mundo, misturando lutas populares ou fratricidas, grupos fundamentalistas ou suicidários, nacionalismos enraizados ou exacerbados, mas sobretudo com a globalização da violência e o poderio cultural do império ocidental, o termo terrorista é usado como “dá cá aquela palha”. Vem isto a propósito de alguns dos posts deste blogue, referindo-se a Yasser Arafat. Lembro-me sempre de um meu professor que numa aula o apelidou de “terrorista que deveria bater as botas”. Quando o questionei não me soube responder. Há pouco, lendo o mesmo blogue e remetido para outro, lembrei-me de questionar ainda outra coisa: se é um milionário que acabou de morrer, mostrem lá as provas dessa vida milionária!