Daniel Oliveira tem abordado esta questão nas suas colunas ou debates. Trata-se do ónus que é atribuído, de forma diferente, aos setores militares ou civis da sociedade. A propósito da saída Francisco Ramos, da coordenação do plano de vacinação e da sua substituição por um militar (já vice-coordenador), por razões de pressão política e social, vale a pena dizer que essa pressão acabou. Por um lado, pela boa imprensa que os militares sempre têm, motivada pela idiossincracia castrense que há em cada um de nós, por outro porque o ónus está nos ombros de uma farda e não de um governo, que afasta assim mais um dos seus mecanismos de escrutínio. Basta ler as conversas de José António Saraiva com Vicente Jorge Silva, plasmada no livro editado em 1977, «O 25 de Abril Visto da História» para se perceber como, ao longo da nossa história, os militares se foram constituindo como uma espécie de reserva moral, com uma interferência sucessiva no estado e uma grande dose de ‘sebastianismo messiânico’.