sábado, janeiro 30, 2021

1984, o livro de síntese do século XX

Li «1984», de George Orwell, pelos idos de 1983-1984 (lembro-me de ter acentuado esta coincidência de datas premonitórias, também pelo facto de estar numa fase de descoberta de razões menos racionais, sobre a existência e a vida), livro emprestado pela namorada da altura. E li-o quase todo nas areias e dunas da Ilha do Farol, em Olhão, espaço disruptivo da narrativa do Big Brother, inventado pelo autor. A calma quente da areia, o fresco do iodo do mar e o deserto de gente atenuava excessivamente o decurso da vigilância tataca do poder. Que raio, não tendo corretor ortográfico neste meu pc de 2008, estou liberto do patrulhamento de linguagem que o sistema tecnológico exerce sobre o computador de Gonçalo M. Tavares, quando o mesmo escreveu a mesma palavra e o corretor avisou que ‘tataca’ não existe. GMT respondeu, no texto que escreveu para o Expresso/Revista, como introdução à publicação de «1984» na Relógio d’ Água, que ‘tataca’ existe mesmo a partir do momento em que alguém a escreve.