Ontem conversava com um amigo sobre as suas recentes leituras. Dizia-me ele – que organiza as suas leituras melhor do que as suas aulas – que nos últimos dias andou a ler os poetas e escritores algarvios, ou que escreveram sobre o Algarve, do princípio do século: João de Deus, Raul Brandão, Emiliano da Costa e Teixeira Gomes. A propósito deste último autor conversámos sobre o seu excelente conto (cheio de humor, inteligentemente anti-clerical, moderno) “Gente Singular”, uma história mágica e verdadeiramente esotérica, passada no centro histórico da cidade de Faro. Nesta sequência, lembrei-me de quanta pouca gente conhece este belíssimo autor, de origem portimonense, negociante de frutos secos e presidente da república entre 1921 e 1923. E de como seria importante a Missão Faro, Capital Nacional da Cultura, em 2005, promover um congresso sobre Manuel Teixeira Gomes, ao invés de o fazer sobre António Judeu da Silva “O Judeu”. A mania de fugir das figuras algarvias e procurar uma dimensão pseudo-nacional é uma prova de vera saloice, isso sim!