Esta noite sopram gaitas em Loulé: sopros das peles, saltam vibrantes dos sacos de ar. É um peitaço forte o do David, olhos nos olhos da gente à espera de um calor. Ele não vê, mas escuta o traulitar, e apalpa o coração da malta à espera do sonho da sua música. Sei que ele gosta das histórias do Algarve, sobretudo das pragas de Alvôr:
Móce, qué que vás fazer ó mar com este vente? Vou pescar camarada e s’óver vente dou cabe ó barque. Mas se fazer más vente? Dou-lhe más cabe! Mas se fazer uma grande ventania? Dou-lhe o cabe tôde! Ah malçoado, mas tu tens assim tante cabe pa dar? E tu, desgraçade, tens tanto vente pa mandar?
Ri-te David e bom concerto.
Móce, qué que vás fazer ó mar com este vente? Vou pescar camarada e s’óver vente dou cabe ó barque. Mas se fazer más vente? Dou-lhe más cabe! Mas se fazer uma grande ventania? Dou-lhe o cabe tôde! Ah malçoado, mas tu tens assim tante cabe pa dar? E tu, desgraçade, tens tanto vente pa mandar?
Ri-te David e bom concerto.