[publicado hoje no jornal «A Voz de Loulé»]
O processo de constituição das listas para as eleições é, habitualmente, uma representação plena de qual o papel feminino na vida social e política. Os arranjos das últimas listas para as eleições de 20 de Fevereiro mostraram, mais uma vez, a hegemonia masculina dos partidos políticos e em especial dos seus aparelhos nacionais e regionais. A conversa veio à baila com a lista do PS em Coimbra e sobretudo com a decisão de colocar Matilde Sousa Franco (MSF) no primeiro lugar da lista. Muita coisa se escreveu sobre o assunto. Destaco apenas uma opinião:
«Parece-me uma péssima escolha. Não retirando os méritos da Sr.ª, que são muitos, continuando a considerá-la, como considero, uma mulher de fibra e de elevado sentido de estado, não posso deixar de achar que a sua candidatura, para mais como cabeça de lista (aceitaria com mais facilidade um local elegível mas de menor visibilidade), soa demais a uma vontade bacoca de "surfar" a onda de popularidade que ela, pelo braço do falecido Prof. Sousa Franco, seu marido, foi angariando. Ora eu sou contra explorar vivos e muito mais contra explorar mortos que mereciam outro respeito. É o caso».
«Parece-me uma péssima escolha. Não retirando os méritos da Sr.ª, que são muitos, continuando a considerá-la, como considero, uma mulher de fibra e de elevado sentido de estado, não posso deixar de achar que a sua candidatura, para mais como cabeça de lista (aceitaria com mais facilidade um local elegível mas de menor visibilidade), soa demais a uma vontade bacoca de "surfar" a onda de popularidade que ela, pelo braço do falecido Prof. Sousa Franco, seu marido, foi angariando. Ora eu sou contra explorar vivos e muito mais contra explorar mortos que mereciam outro respeito. É o caso».
As razões aduzidas no texto podem ter sido os pressupostos para o PS escolher MSF para o lugar referido, mas isso só penaliza a visão do PS. Aliás, só neste sentido se entende que Helena Roseta, bastonária da Ordem dos Arquitectos tenha sido preterida e Sónia Fertuzinhos, presidente das Mulheres Socialistas, tenha sido relegada para 12º lugar em Braga. Terá sido por esta militante ser a cara socialista da luta pela descriminalização do aborto? Parece que sim, porque o PS de Sócrates impôs, em sua troca - mas no 3º lugar e assim potencialmente elegível -, uma tal de Teresa Venda do Movimento Humanismo e Democracia, nem mais, uma militante defensora das penalizações a mulheres que abortaram. Também no Algarve o PS, bem como o PSD, não deixam as mulheres acima das fronteiras do elegível.