Andam aí a blogosfera e os jornais cheios de raivinhas mal escondidas sobre a polémica do debate entre F. Louçã e P. Portas, a propósito da vida e da interrupção voluntária da gravidez. A discussão já vai nos vícios privados e nas públicas virtudes, nas coerências dos políticos e nos moralismos éticos de meia tigela. Da gente afecta ao PS, que não sabe o que vai fazer sobre este tema na próxima legislatura, vem a pior das reacções contra Louçã. Porquê? É a inveja de não se sentir atacada pela direita? É a sobranceria medrosa de não participar em debates? O que se passou foi simples. Portas esgrimiu a última estocada (a última intervenção do debate) para chamar defensor da morte a Louçã e dizer que ele, ao contrário, é que defende a vida. Louçã, pai, não se conteve e disse-lhe que ele não tinha esses direito, pois nunca tinha gerado uma vida. Quem vê, aqui, princípios homofóbicos, moralismos puritanos ou conservadorismo paternal, anda a ver demasiada televisão ou a meter-se em campos onde há muita areia para as suas camionetas. O que eu vi e ouvi, foi apenas um homem a defender o seu amor por ter uma filha e a não deixar que um hipócrita lhe dissesse que ele não defende a vida. A emoção a sobrepor-se à razão. E depois? Nada mais. Eu faria o mesmo.
Nota: no meio de muita asneira, deixo-vos uma leitura antropológica sobre o tema.