«Se acreditássemos em sondagens já tínhamos mudado de vida». Estas foram algumas das palavras de paulo portas proferidas na conferência de imprensa em que psd e pp declararam, cada um a seu tempo, ir concorrer separados às eleições legislativas do próximo dia 20 de fevereiro. Esta frase merece ser explorada, por aquilo que ela tem de razão implícita que explica estas mais que explícitas palavras. Ambos os partidos passaram a semana, primeiro separados e depois juntos, a fazer contas e facilmente chegaram a várias conclusões: i) separados podem obter mais votos, porque muita gente do psd [inclusive militantes e dirigentes] não toleram esta aliança com o pp; ii) esse efeito, retiraria muitos votos do centro político-eleitoral; iii) assim, podem bipolarizar uma área política de direita, contra uma esquerda que teima em não convergir [veja-se a pressa do ps em descartar um acordo pré-eleitoral com o bloco e a correr com o pc para margens radicais; iv) ao assinarem um acordo pós-eleitoral mostram que querem continuar a pretender o poder a todo o custo, mesmo à custa da tramóia dos eleitores; v) afinal a principal preocupação dos partidos da maioria de direita foi mesmo as sondagens. Que conclusões podemos tirar? A primeira é a de que eles acreditam mesmo em sondagens e dão-nas por adquiridas e decisivas. A segunda é que acreditando em sondagens, mentem, ao não mudarem de vida. Ainda, lembro que o sorrisinho malandro de santana, no momento em que portas expressava a frase citada acima, mostrava que se estava a recordar que ambos, ele primeiro e depois portas, dirigiram o centro de sondagens da "amostra", empresa da universidade moderna que tanto brado deu. O futuro augura-se sorridente para este acordo, a avaliar pelas sondagens!