Lembro-me bem deste dia. Estava no 7º ano do Liceu, em Portimão, onde vivia, e a militância política era maior do que a vida estudantil. Na altura, estavam em efervescência as lutas dos pescadores e das operárias conserveiras, na cidade, pela defesa de contratos coletivos de trabalho e era essa a nossa preocupação diária. Mesmo no Liceu resistíamos a uma ofensiva da direita que procurava ganhar as eleições para a Associação de Estudantes. Sabíamos que no norte a situação era difícil para os nossos companheiros, colocados entre uma igreja católica retrógrada e salazarista e os fascistas encapotados nas fronteiras espanholas. O assassinato do Padre Max e da Maria de Lourdes foi para todos muito triste, mas ao mesmo tempo um alerta para reforçar a nossa luta, que ainda hoje continua. Não podemos esquecer!