«Flores», de Afonso Cruz, foi uma surpresa inicial. Uma escrita à flor da pele, sem preocupações de ferir suscetibilidades arcaicas e com a dinâmica dos diálogos no texto narrativo. O senhor Ulme é o tronco da história, um burguês literato que amou Margarida, uma das irmãs Flores, hoje uma cantora de fado que filosofa sobre uma existência imaginada. As outras irmãs Flores, Dália e Violeta, servem para deixar os maridos contarem histórias terrenas ao narrador desta história, que tem na sua filha Beatriz a grande leitora da linguagem anacrónica de Ulme e a intermediária de amores e desamores do mundo moderno. Espero ter tempo para outras leituras do autor.