Se a conectividade digital foi a centelha, ela acendeu porque a predisposição já estava em todo o lado. O caminho a seguir não é cultivar a nostalgia pelos guardiões de informação à antiga ou pelo idealismo da Primavera Árabe. É perceber como as nossas instituições, os nossos pesos e contrapesos e as nossas salvaguardas sociais devem funcionar no século XXI — não só para as tecnologias digitais mas para a política e a economia em geral. Esta responsabilidade não cabe à Rússia, ou só ao Facebook ou ao Google ou ao Twitter. Cabe-nos a nós.
Pois é. Aquando da chamada Primavera
Árabe, estava eu numa reunião do Bloco em Silves, lembro-me bem do entusiasmo
sobre o papel instrumental das redes virtuais, ditas ‘sociais’, na mobilização
do ativismo pela democracia. Muitos camaradas e amigos entusiasmaram-se tanto que acreditaram na redenção africana ali
ao virar da esquina. Apesar de andar pelas ondas da blogosfera desde
praticamente o seu início, nunca dei grande crédito àquilo que mais tarde se
vem a chamar feicebuque (uso a terminologia de RAP) e no papel que rapidamente
o capitalismo tecnológico lhe determinou.
Vale a pena, mesmo muito a
pena, ler o ensaio de Zeynep Tufecki, no Expresso revista (AQUI).