Henrique Raposo, cronista do Expresso, ali ao lado do contraditório de Daniel Oliveira, todos os sábados em papel, tem sido por mim desprezado na maior parte das leituras, desde sempre. Acontece que, por estes tempos, com as leituras do expresso diário, tenho vindo a aproximar-me das suas crónicas curtas, incisivas e sempre diversificadas. Esta característica permite-me ler umas e ignorar outras. Das que li recentemente, as que versaram a Web Summitt, tocaram na 'mouche', mostrando como o novo capitalismo se transmuta e usa como veículo fundamental as redes tecnológicas. Não só como produto, mas acima de tudo como aparelho ideológico do capital, parafraseando o velho conceito de Althusser. Enquanto quase toda a gente se baba com a cimeira do novo capital, que agora se instalou em Lisboa, por uns anos (e entre eles muitos socialistas e prosélitos), Raposo consegue uma análise sociológica acertada, mesmo que do ponto de vista conservador, direi eu. Talvez a nossa origem operária e do sul, nos torne ainda mais próximos...