As crónicas de Luís Fernando Veríssimo, no Expresso, são obrigatórias. Para além de um humor inteligente o cronista é um excelente contador de histórias, quer sejam de ficção quer sejam de realidades bem presentes. Da última – que aborda os gestos relacionados com o acto de telefonar – respigo este excerto:
Outro gesto datado é girar o dedo no ar. Do tempo em que os telefones tinham discos, lembra? Você introduzia o dedo no buraco correspondente ao número desejado e rodava o disco. Fazer isso em forma de mímica deixava claro para a pessoa distante que você se referia ao telefone (…) a não ser que você a estivesse convidando para dançar. (…) Já existe toda uma geração que nasceu, cresceu e se tornou adulta na era pós-disco e para a qual o dedo girando no ar também perdeu qualquer sentido.