segunda-feira, maio 18, 2020

Ricos e Pobres no Alentejo

A partir de 1980, e sobretudo a partir do verão de 1982, quando fui convidado a integrar a equipa do Museu Etnográfico de Faro, com vista a uma primeira recolha sócio-antropológica no concelho de Aljezur (que saudades!), desbravei muitos dos conhecidos livros da etnografia e da antropologia mais disponíveis em cópias, bibliotecas ou livrarias. Entre os portugueses lá estavam os obrigatórios Jorge Dias, Orlando Ribeiro, Viegas Guerreiro e a equipa maravilha de Benjamim Enes Pereira, Fernando Galhano e Ernesto Veiga de Oliveira. Mais tarde, em 1983-1984, na organização da renovação do Museu Regional do Algarve, venho a encontrar um dos estudos mais interessantes de etnografia, a monografia sobre Vila Velha, (nome fictício de Monsaraz, no concelho de Reguengos), da autoria de José Cutileiro. A obra, escrita no período marcelista (1971) trata da organização social daquela comunidade, na perspetiva dos estudos antropológicos da corrente portuguesa, mas marca pela sua inovação da linguagem e da distanciação científica do jovem autor. Mais tarde, como obituarista, li muitas das suas crónicas no jornal «Expresso», até me cansar dos longuíssimos parágrafos descritivos e interpretativos que eram marca pessoal do embaixador que morreu há dias.
A edição que tenho é a primeira, de 1977, da Livraria Sá da Costa Editora, traduzida da edição inglesa e com prefácio do autor. Julgo existir uma edição posterior da Livros Horizonte.