O que é que há a dizer das eleições presidenciais?
1. Cavaco ganhou. O que prova que o populismo está cá para ficar ainda durante muitos anos.
2. Sócrates também ganhou. Não tinha interesse nenhum em ter Soares na presidência e por isso – depois dos tabus Guterres e Vitorino – o lançou às feras, usando como leit-motiv a vaidade do soarismo.
3. O PS perdeu as eleições e enterrou toda a esquerda, com a divisão que criou junto dos socialistas e do centro. Essa foi também a decisão de Sócrates. Vingar-se de Alegre e obrigá-lo a tomar um de dois caminhos: formar um novo partido ou ficar caladinho até ao próximo congresso, desbaratando a putativa democracia participativa.
4. Vitorino perdeu e ainda não percebeu que o povo não é estúpido. Não quis ser candidato, apoiou Soares e ontem dizia que afinal o seu candidato não foi derrotado. Nem como comentador terá qualquer audiência.
5. A propósito de audiências, a TVI deu cartas como a mais rápida nos directos dos candidatos e dos responsáveis políticos. Todas as televisões andaram em zapping permanente sobrepondo declarações umas em cima das outras. A mais vergonhosa foi terem cortado a palavra a Alegre (2º candidato mais votado) quando Sócrates começou a falar. O primeiro ministro foi descarado e mostrou o seu desprezo pelos socialistas que votaram maioritariamente em Alegre. Depois, o p-m veio dizer que não sabia e que não pretende ajustes de contas. Alguém acredita?
6. A Eurosondagem falhou em toda a linha: não só deu resultados muito acima do real para Cavaco como colocou sempre Alegre abaixo de Soares. Parece-me que Balsemão vai correr com Oliveira e Costa como fez há anos com a Euroexpansão. Pelo contrário, Pedro Magalhães mostrou o que são sondagens sérias e científicas.
7. Finalmente, como Louçã disse, amanhã estaremos cá!
*
Adenda às 15h.:
Ler com atenção (e sem qualquer sectarismo, porque bem escritos e inteligentes) os postes de JPP, FJV, JG, PQ e MVA, sobre as presidenciais.