Anda muita gente a chamar a si os louros dos recordes de entrada no ensino superior universitário e politécnico. Docentes e instituições perfilam-se em explicações sobre tanto interesse. Mas convém ver, en passant, outras razões:
i) A crise económica e social, agravada pela pandemia, que não deixa grande expetativa aos jovens que terminaram o secundário, empurra-os inevitavelmente para os bancos do ensino superior, a adiar a sua entrada nalgum emprego precário;
ii) A abertura, pela primeira vez - depois de muitas batalhas e tempos perdidos - de acesso a exames regionais especiais para os estudantes do ensino secundário profissional, resolveu um problema de grande injustiça e discriminação e alargou o universo de vagas;
iii) Finalmente, a luta dos estudantes e a pressão da esquerda para o alargamento das bolsas de apoio a propinas e ao alojamento, bem como a descida daquelas, permitiu uma maior mobilização do interesse pelo superior.