domingo, dezembro 12, 2021

Bill Bryson sobre o seu grande país

 
Já aqui falei das releituras que fazemos e das mudanças que sentimos na reinterpretação das palavras, de acordo com o contexto social e cultural desses novos momentos. Na altura, falei da releitura do livro de Javier Marías, crónicas de futebol no livro «Selvagens e Sentimentais». Agora é a vez da releitura, 15 anos depois, do livro de crónicas (cada uma composta de quatro páginas de reflexão e humor) de Bill Bryson, «Notas Sobre Um País Grande» (Quetzal, 2006). Entre as belas crónicas escolho a intitulada “O Manual dos Estados Unidos” (pp. 130-133). Nela, Bryson conta como herdou do pai a mania e o hábito de perscrutar as idiossincrasias dos americanos, no que respeita às designações encomiásticas dos nomes dos estados nas matrículas dos automóveis. Por exemplo, Maine é ‘Terra de Férias’, Nova Jérsia é ‘Zona de Costa’ e Indiana é ‘Estado Grande’ e ele não percebe porquê, nem como. Para estas diferenças o autor encontra uma explicação: «Isto serve para introduzir a importante lição de hoje: os Estados Unidos não são tanto um país mas antes um aglomerado de cinquenta pequenas nações independentes e é perigoso esquecermo-nos disso». Lembram-se do ataque dos apaniguados de Trump ao Capitólio?