É claro que se podem fazer muitos retratos de Portugal. Uma das formas de abordar o país, do ponto de vista sociológico, é colocarmo-nos também do ponto de vista de uma classe social. Daquela a que pertencemos, por exemplo. O programa de António Barreto faz isso. Já no segundo episódio fez isso (não vi o primeiro). Falar do trabalho e dos sectores económicos, sem tocar nas políticas de desenvolvimento para as várias áreas, é fazer um documento descomprometido, como se isso fosse possível. Como se o ponto de vista do autor fosse asséptico e descomprometido com o poder simbólico, de quem lê o problema. Aliás, recordo que António Barreto foi o ministro da agricultura do tempo da reforma agrária, lembram-se? Seria uma oportunidade para desenvolver uma 'reflexividade' sobre o tema. Mas a oportunidade foi perdida, de forma propositada.
Hoje, no terceiro episódio, o problema colocou-se de novo. A certa altura diz o autor, em voz off: "Será difícil para nós pensarmos o tempo dos nossos avós, de candeeiro a petróleo...". Para muitos de nós, para mim também, apenas preciso de retornar à geração dos meus pais, à minha infância, para lembrar a luz que me alumiava quando lia. Para o autor, esse tempo foi há muito mais tempo. Um ponto de vista de classe, portanto, a fazer de estudo sociológico.
Hoje, no terceiro episódio, o problema colocou-se de novo. A certa altura diz o autor, em voz off: "Será difícil para nós pensarmos o tempo dos nossos avós, de candeeiro a petróleo...". Para muitos de nós, para mim também, apenas preciso de retornar à geração dos meus pais, à minha infância, para lembrar a luz que me alumiava quando lia. Para o autor, esse tempo foi há muito mais tempo. Um ponto de vista de classe, portanto, a fazer de estudo sociológico.