Em miúdo armava aos pássaros. Entendamos ‘armar’ como caçar com ratoeiras de arame e mola de aço, com pingalhete que suspende um isco, normalmente uma agúdia (formiga de asas). Entendamos pássaros como passeriformes, aves pequenas normalmente insectívoras: piscos, felosas, cartaxos, ferreiros, alvéolas, patinhas e cotovias, por exemplo. Mas esta linguagem é uma linguagem científica, algo que só o tempo pós-adolescência nos permite. Na altura, o que interessava era a prática cultural enraizada nas comunidades rurais e piscatórias, e a necessidade, muito prosaica, de comer no dia a dia.
Vem isto tudo a propósito dos cheiros que hoje de manhã estavam fortes, no ar dos caminhos que percorri nos arredores de Loulé: daroeiras, oliveiras, alfarrobeiras, terra húmida da noite e folhas e palhas outonais. Um tempo de memórias odoríferas!