É um dos livros mais conhecidos, mas admito que pouca gente o leu. A obra de Herbert George Wells (HGW), escrita em 1898, é mais conhecida pela reportagem radiofónica simulada por Orson Welles nos Estados Unidos, semeando o pânico com uma putativa invasão marciana, ou mesmo pelo filme de Spielberg, com Tom Cruise como eventual personagem do narrador original. Aliás, a obra de Spielberg aproxima-se bastante da ficção de HGW, acrescentando, como é plausível, o romance familiar num contexto periférico proletário de Inglaterra. Mais do que a série com o mesmo nome do livro, que recentemente passou num canal de cabo e que inventou uns marcianos robóticos em figura de cão, cuja narrativa se baralhou entre tiros e militares desavindos.
Mas a obra de Wells, que abriu caminho a quase todas as visões distópicas e de ficção científica, apresenta uma resposta comprovadamente científica para a sobrevivência da espécie humana e a morte dos marcianos na Terra: uma bactéria presente na espécie, à qual os humanos se habituaram por assimilação, mas desconhecida pelos invasores:
(...) aniquilados pela bactéria da doença e da putrefacção contra a qual os seus organismos não estavam preparados; aniquilados como o tinham sido as plantas vermelhas, depois de todos os engenhos humanos terem falhado, pelas coisas mais humildes que Deus, na sua sabedoria, colocou na Terra. (...) (p. 173)