Clicando sobre a imagem pode verificar-se mais um destes momentos de esclarecimento.
quarta-feira, dezembro 28, 2011
A Comissão de Utentes esclarece
Clicando sobre a imagem pode verificar-se mais um destes momentos de esclarecimento.
segunda-feira, dezembro 26, 2011
A verdadeira tropa fandanga
domingo, dezembro 25, 2011
O conceito de desobediência civil #4
Votar não é só meter na urna um bocado de papel, há que tornar o voto plenamente eficaz. Uma minoria fica desarmada quando se conforma com a maioria; deixa afinal de ser minoria. Mas torna-se irresistível quando exerce pressão com todo o seu peso. Se a alternativa for meter todos os justos na prisão ou acabar com a guerra e a escravatura nenhum Estado hesitará na escolha... (p. 32)
Resistem as oliveiras
quarta-feira, dezembro 21, 2011
O conceito de desobediência civil #3
O conceito de desobediência civil #2
Para que o poder político não legitimado ceda e o Estado não cometa abusos de poder, importa cumprir o artigo 21 da Constituição. Legitimamente.
segunda-feira, dezembro 19, 2011
O conceito de desobediência civil #1
Ao fim e ao cabo, a razão prática pela qual, tendo o povo o poder na mão, o entrega a uma maioria, que o conserva durante um longo período, não é porque essa maioria tenha razão, ou porque a minoria o considere justo, mas só porque a maioria dispõe de muita força. Mas um governo em que domina sempre a maioria não pode basear-se na justiça, tal como os homens a entendem. (p.17)
domingo, dezembro 18, 2011
Como a cultura se enriquece
sexta-feira, dezembro 16, 2011
Edital da casa
segunda-feira, dezembro 12, 2011
Pórtico arde na Via do Infante, no Algarve
O governo só tem uma medida a tomar: suspender de imediato a cobrança de portagens na Via do Infante.
domingo, dezembro 11, 2011
Viviane: uma voz depurada em concerto.
Os recursos vocais e corporais, que ganhou em anteriores experiências na música tradicional e no pop, são usados com parcimónia na cenografia de cada canção e a diversidade vocal torna o repertório atrativo para várias gerações. Desde os temas mais pop dos velhos "Aspas", que puseram a trautear a gente nova, até aos tangos e musetes que encantaram os mais seniores, o concerto serviu para isso mesmo: provar que Viviane não se refugia num espaço contido do fado, agora tornado foco musical de exaustão, com a confirmação da UNESCO. E que intérprete tem a possibilidade de mostrar dotes de instrumentista e de uma dicção irrepreensível na língua francófona, digam lá?
Das homenagens a grupos e autores da canção, foi bom ouvir um tema clássico dos "Heróis do Mar", agora a comemorarem 20 anos de fundação.
Talvez eu próprio gostasse de ouvir um pouco mais de guitarra portuguesa a solar nos temas mais fadistas, só isso.
sexta-feira, dezembro 09, 2011
domingo, outubro 30, 2011
segunda-feira, outubro 24, 2011
Catálogo da criatividade anti-austera
terça-feira, outubro 18, 2011
Uma petição popularmente participada
Mesmo com a ameaça da dita 'inevitabilidade', afirmada pelos autarcas e responsáveis algarvios, que passivos e de braços cruzados esperam a queda no precipício da economia do Algarve, o que é certo é que os utentes da Via já ganharam muitos meses de não cobrança: desde 15 de outubro de 2010, quando se iniciou a cobrança das scut já portajadas; desde 15 de abril deste ano, ainda no governo PS; desde todas as datas que governo e media lançam sistematicamente como isca para os algarvios.
Por isso, a presença do maior número de utentes na AR, na 6ª feira dia 28 de outubro, é decisiva como forma de mostrar a deputados e governo que os algarvios não se calam, como aliás sempre fizeram perante as ditaduras da capital, do reino, de Salazar e da democracia totalitária dos nossos dias.
Amigos e Utentes do Algarve. A petição n.º 125, "Contra a introdução de portagens na Via do Infante", subscrita por 13.389 cidadãos, irá ser discutida no próximo dia 28 de Outubro, sexta-feira, em sessão plenária da Assembleia da República. Será mais uma oportunidade para exigir ao Governo que desista de introduzir portagens na Via do Infante. As entidades promotores estão a organizar uma viagem a Lisboa no sentido dos Utentes estarem presentes e assistirem ao que será discutido e protestar junto da assembleia da República e palácio de São Bento. Temos um autocarro com lugar para 50 pessoas. Partidas Faro - Garagem da Rodoviária 6h. Albufeira - Vale Paraíso 6.30h. Regresso 18h. Reservas - 934126705, 963172608, 913017881. Partilhem sff.
Obrigado.
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sexta-feira, outubro 07, 2011
domingo, agosto 14, 2011
segunda-feira, agosto 08, 2011
Conto
O e-scravo subversivo
[5]
A água do rio estava tépida, vinte graus de temperatura era pouco para um verão quente, mas talvez fossem as águas frias da serra que ainda desciam pelos calcários do barrocal. Próximo da foz do rio, de certeza que a água convidaria a um banho de mar, como aqueles que, com as suas amigas de infância, dava nas pedras, os blocos de protecção da costa urbanizada da estância balnear, que a burguesia romântica da cidade acrescentara ao seu já farto lazer de todos os dias. Fora uma escolha indefinida que a tinha trazido de volta ao bairro. Não, não era nenhuma saudade, em que não acreditava, mas talvez o pagamento de uma dívida social que não queria deixar morrer. Fora aquela gente que tratara da sua mãe, amparando-a na desgraça e na insídia. Sabia que, quando chegasse, os seus passos a levariam primeiro às areias que agora acariciava, e depois ao pátio de entrada da fábrica, onde estava o escritório do pai do Dulcério, o mestre que ditava, há muitos anos, o horário e o esforço impiedosos das mulheres, homens e adolescentes do bairro. Por isso, não tinha respondido aos agravos do mestre. Sabia que a fábrica estava sem mestra, a mulher que geria, sob as ordens do chefe de fabrico, o trabalho de todas as mulheres, manipuladoras, azeitadeiras, visitadeiras, batedeiras, e outras designações do mesmo grupo de trabalho. Mesmo que ele o sugerisse, sem a conhecer de lado nenhum, ela recusaria. Também a sua mãe, escudando-se numa falta de jeito em que ninguém acreditava, se tinha esquivado a exercer um mando que considerava desfavorável para com as suas velhas amigas, adolescentes de vestidos compridos e de cabelos frisados.
Naquela manhã, tinha preferido comer apenas uma sandes de queijo fresco de cabra, coberto com uma pequena folha de manjericão, que colhera de um vaso do seu quintal minúsculo. Sabia que algo iria acontecer. Um acontecimento que talvez mudasse a sua vida para sempre. Depois de tantas mudanças nas suas relações profissionais e sociais, estava agora na iminência de uma viragem decisiva da sua história. Descontente com aquele controlo desmedido, e estúpido, sobre o horário de entradas e saídas da fábrica, marcado pela ditadura da sirene da caldeira a vapor do século vinte, tinha proposto o aproveitamento do e-scravo, um moderno gadget que o governo tinha vendido a toda a população, em troca de um dia de salário para a nação. Aquela coisa servia para tudo. Para perguntar a toda a gente onde estava, marcar a hora do cabeleireiro, copiar nos testes da e-escola, ouvir os hinos da república e das claques de futebol, filmar os professores a tirar macacos do nariz. Mas também era arma de vigilância nas casas de banho das empresas, proto-industriais ou de inovação, conselheiro contábil para debitar avisos sobre datas de pagamento dos impostos, indicador do dia de início do período menstrual, ou banco de estatísticas do número de hamburgueres comidos no dia anterior. Por que razão não serviria também para avisar os homens e as mulheres daquela fábrica, da sua hora de entrada e de saída?
domingo, julho 31, 2011
Enrique Vila-Matas

Leitura obrigatória de fim de semana
sábado, julho 30, 2011
Mais abate de árvores, não!
sexta-feira, julho 29, 2011
Como lutar contra as portagens
Já manifestámos neste espaço o nosso total desacordo em relação à imposição de portagens numa estrada que não é scut, nunca foi em 70 por cento do seu traçado e já está paga. Os algarvios não estão a utilizar um benefício intitulado «sem custos para o utilizador», como acontece noutras vias construídas neste sistema e que estão a ser suportadas na base das tais parcerias público-privadas.
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quarta-feira, julho 27, 2011
Mais um bocado do conto
O e-scravo subversivo
[4]
O resultado de tal inovação e criatividade, de que toda a gente tinha a boca cheia, era o atraso sucessivo dos homens e das mulheres na entrada da fábrica. O e-scravo tinha sido acertado pelo relógio da torre da igreja, a matriz do século dezasseis em permanente ruína física e moral, mas cuja torre ainda suportava as horas badaladas de sessenta em sessenta minutos. Aquela máquina nunca falhava. De tal modo que o seu filho Dulcério, apaixonado pelas guitarras eléctricas, utilizava aquela sonoridade para servir de metrónomo e de afinador da sua Fender. Mas se aquele horário cristão nunca falhara, como era possível que o e-scravo andasse permanentemente atrasado, sobretudo nas horas de entrada, no início da manhã e após o almoço?
A areia estava quente e fina, como sempre, escorregando com delicadeza por entre os dedos dos pés, grão a grão, voltando de novo a caír para definir as suas pegadas firmes e regulares. Aquela praia, na margem do rio, construída anos a fio com os aluviões mestiços das descargas de terra argilosa da serra e das enchentes das marés vivas do oceano, era o paraíso de Maria Antónia. E fora aquela praia que decidira olhar, de novo, quando ali regressara.
Tinha chegado à aldeia – a que ela preferia chamar bairro – após muitos anos de ausência na cidade, na qual trabalhara e estudara ao mesmo tempo. O que aprendera, em muitos empregos diferentes, definidos temporalmente pelo contrato individual de seis meses certos, enchia agora as quatro páginas do seu curriculum vitae. Nas mãos do mestre da fábrica, aquelas quatro folhas pareciam um livro, o livro da sua jovem vida de pouco mais de duas décadas que estava a entusiasmar o homem, defensor da instrução do corpo e da alma daquela juventude perdida entre televisão, drogas e sexo. Começas amanhã, como manipuladora de peixe, que é por aí que todas as mulheres se iniciam neste mister, dissera-lhe o chefe de fabrico da produção, o topo da pirâmide industrial daquela fábrica de peixe. E remata-lhe, afirmando a superioridade masculina do território: Ou pensavas que entravas aqui como mestra, não? Lá por teres vindo da grande cidade e teres assentado o cú em muitos escritórios, não penses que és a mais competente. Nem essa aldrabice das novas oportunidades te serve. Enquanto afirmava o seu mando, olhava os olhos e a face daquela mulher, quase impassível, tão calma quanto a figura da Mona Lisa, pespegada no quadro de parede do seu escritório, já gasta dos aromas de salmoura do peixe cozido e do levante oceânico de Marrocos. Percebeu, de imediato, que a mulher era inteligente e talvez lhe viesse a dar problemas. Mas naquele verão quente, com mais sardinha no mar do que água salgada, não podia desperdiçar um par de mãos que se oferecia, provavelmente ágil e certeiro a cortar a cabeça da sardinha e ainda mais preciso a deitá-la na lata azeitada.
quinta-feira, julho 21, 2011
Via do Infante sem portagens

quarta-feira, julho 20, 2011
Mais um naco de conto à 4ª feira
[3]
Voltou a lembrar-se da tal Maria Antónia. Que raio! Se ela era pouco mais nova do que ele e trabalhava ali naquela fábrica arcaica, onde a sua mãe deixara o corpo e a alma, mas ganhara artroses nas mãos e nas costas, ele deveria conhecê-la. Aquele nome, outra vez, a martelar-lhe os ouvidos e a calcar-lhe as têmporas. Desde que saíra da aldeia e rumara à capital da sua ambição, nunca mais voltara àquela terra. Agora que tinha sido transferido, ao abrigo da lei da mobilidade e da flexibilidade das aprendizagens de novas competências que o governo lá tinha inventado, logo teria de vir parar àquele lugar. Como se fosse obrigado a olhar-se, demoradamente, naqueles espelhos de feira da sua infância, ora côncavos, tornando-o mais anão do que criança, ora convexos, fazendo-o parecer o magricela do gigante de Moçambique que vira numa qualquer feira de S. Martinho.
À porta da fábrica, o mestre de fabrico controlava o seu velho relógio de ponteiros. Debaixo do vidro, baço de muitos riscos, os ponteiros marcavam oito horas, e nada. Onde estavam os seus operários e operárias que costumavam marchar silenciosos e apressados, em fila, nos saudosos tempos da sirene estridente de vapor, que emergia da caldeira de carvão nos anexos da fábrica? Ele, que tinha levantado o braço, contrariado, para votar a favor daquele novo instrumento sonoro, gostava ainda mais dos idos da buzina. Nesses tempos, o seu homem percorria de bicicleta todo o bairro e arredores, soprando o grande búzio do mar, como se fosse o saxofone da filarmónica da recreativa rica, onde aprendera a tocar e da qual saía para feiras, romarias e saudações aos presidentes da república, eleitos ou não.
Ele sabia de quem era a culpa daquela merda. Aquela Maria Antónia, armada em revolucionária, é que tinha proposto que a chamada para a fábrica fosse feita através do e-scravo, um dispositivo electrónico em forma de cravo que o presidente da república mandara conceber e entregar a todos os trabalhadores, para que assim pudessem estar em permanente contacto, vinte e quatro horas por dia, com todos os membros do gabinete gestor da nação. Mas por que razão aquela gente, que vivia em barracas e era quase toda analfabeta, tinha que possuir telemóveis, plasmas de TV, automóveis trocados pelo abate e, ainda por cima, o e-scravo? Aquela flor de tecnologia que só os antigos alunos do liceu eram capazes de manobrar? Tudo por culpa daquela mania da representatividade mais participada do raio da cidadania, que o seu patrão, aquele de quem era um extremoso colaborador, agora tinha inventado. Era por essas e por outras que qualquer uma – sim, por que as mulheres sempre foram mais escorregadias do que as enguias – vinha agora com ideias, como a Maria Antónia naquela reunião sobre a produtividade e a competitividade das conservas de peixe num mundo globalizado, que o presidente da Câmara tinha convocado.