Costumo lembrar-me do Zeca Afonso quando os acontecimentos do futebol obrigam a disparos para o ar, escarretas de ofensa e muitas batatadas nos esconsos do túnel. Aliás, o túnel começa a ser a palavra-chave da bola nacional. Dizia o Zeca, que estava farto das arengas da bola e justificava-o pelas discussões alienadas da plebe, nos tempos da trilogia Fado/Futebol/Fátima da ditadura salazarista. Vem esta memória a propósito dos acontecimentos dos jogos em que participaram o Sporting (em que os seus adeptos se revoltaram contra os resultados da equipa) e o Benfica (mau perder contra o Braga, sinónimo de sobranceria). O que é que o Zeca diria? Simples. Que o melhor seria o povoléu se revoltar contra o fecho de fábricas e contra o crescente desemprego. O capitalismo vai-nos dando a alienação da bola e ainda há por aí uns sociólogos convertidos que nos vão ensinando o que é a coesão e o escape social da mesma.