(…) Todo o brasileiro nasceu mais ou menos para ser um tiranozinho em qualquer cousa, e é feito guarda-civil ou ministro da Justiça, cabo de destacamento ou chefe de polícia, guarda fiscal ou presidente da República – trata logo de pôr pessoalmente em ação a autoridade de que está investido pelo Estado místico.
Então, quando é presidente da República, é que se vê bem o que pensa sobre princípio de autoridade, um brasileiro qualquer de Uruburetama ou Perdizes, afinal de qualquer lugarejo por aí. Apossa-se dele logo um delírio cesariano e a sua autoridade que é limitada e contrabalançada, ele a transforma em ilimitada e sem peias, tal e qual a de um Tibério, a de um Nero ou a de um Calígula. Não têm nunca a marca de grandeza os seus desvarios de poder; são chatos, são medíocres; mas é que eles não são Césares e nós o Império Romano (…).
Lima Barreto, O Encerramento do Congresso, 14 de Janeiro de 1922.
Conversa de Burros, Banhos de Mar, Cotovia, 2006.
A propósito disto.
Então, quando é presidente da República, é que se vê bem o que pensa sobre princípio de autoridade, um brasileiro qualquer de Uruburetama ou Perdizes, afinal de qualquer lugarejo por aí. Apossa-se dele logo um delírio cesariano e a sua autoridade que é limitada e contrabalançada, ele a transforma em ilimitada e sem peias, tal e qual a de um Tibério, a de um Nero ou a de um Calígula. Não têm nunca a marca de grandeza os seus desvarios de poder; são chatos, são medíocres; mas é que eles não são Césares e nós o Império Romano (…).
Lima Barreto, O Encerramento do Congresso, 14 de Janeiro de 1922.
Conversa de Burros, Banhos de Mar, Cotovia, 2006.