domingo, outubro 30, 2005

Contrasenso convida

Apenas para vos deixar online o texto do meu convidado na coluna "Contrasenso" da Voz de Loulé de 1 de Novembro. Joaquim Mealha Costa fala sobre:
Tempo de angústia, tempo de esperança

A vida é assim. Um somatório de alegrias e tristezas. De momentos desagradáveis a que se sobrepõem outros de satisfação. Em cada tempo, podemos viver bons e maus momentos e uns compensam os outros. Afinal a vida é o equilíbrio de tudo isso, o que nos acontece de bom e de menos bom.
Também na nossa vida colectiva se aplica esse mesmo princípio.
Ouvindo e lendo o que a comunicação social nos vai fazendo chegar sobre a realidade do País, sobre as medidas do Governo, em curso, sobre o estado de espírito dos Portugueses, somos forçados a constatar que o momento é de depressão colectiva, de descrença em soluções de curto prazo, nem a chamada luz ao fundo do túnel se vislumbra.
Mas, após um acto eleitoral, em que apesar da significativa abstenção, muitos Portugueses foram votar, demonstrando que apesar de tudo, ainda acreditam um pouco que algo pode mudar, é também tempo de ter esperança.
Lendo os manifestos de campanha ou ouvindo os discursos de tomada de posse dos autarcas, mesmo os reconduzidos em novo mandato, contactamos que é seu propósito fazer mais e melhor do que até aqui. Afirmando mesmo que: é preciso adequar os serviços à sua função de servir com eficiência o cidadão, é preciso que as populações, os agentes económicos, sociais, culturais sejam chamados a participar e decidir sobre a sua terra, é preciso melhorar a qualidade de vida nas cidades e no campo…
A maior proximidade entre os autarcas e as populações ainda permitem que se estabeleça algum nível de confiança. Mas essa confiança também, rapidamente se perderá, se não houver efectiva correspondência entre o que se diz e o que o cidadão pode constatar no dia a dia, como efeitos da gestão autárquica.
Estamos pois num momento, em que perante a descrença nas soluções sistematicamente repetidas pela governação do País, se apresenta a esperança de um mandato autárquico que responderá de forma mais adequada às necessidades de desenvolvimento do município e de qualidade de vida da população.
Este será no entanto um tempo curto. Tal como o governo do Eng. Sócrates passou rapidamente de esperança a pesadelo, também no governo autárquico se exigem no curto prazo medidas que confirmem o sentido da esperança.
Hoje não é possível dar tempo ao tempo, deixar que o tempo resolva. Vivemos tempos de decisão.
Esse é o nosso grande problema, o de termos que tomar decisões sem esquecer no caso da governação, seja ela nacional ou autárquica, que os destinatários do seu trabalho são as pessoas, as de hoje e as de amanhã, que anseiam por uma vida melhor.
Esperemos que à angústia, à descrença, se sobreponha a esperança. Mas também, cabe a cada um de nós cultivar e contribuir para inverter este estado de espírito, esta realidade por vezes dolorosa.
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[Amanhã nas bancas a edição em papel]