Quando deu posse ao governo constitucional de António Costa, resultado das eleições legislativas de fevereiro de 2022, Marcelo Rebelo de Sousa deixou avisos contidos e educados à tarefa completa de condução da governação, do empossado primeiro ministro. Em 1988, em plena Exposição Internacional de Lisboa, no quadro de um conjunto de crimes que intrigaram os corredores e os pavilhões do certame, Costa, ministro e Marcelo, líder da oposição, trocaram mimos mais agressivos. Parece que Costa estava afónico após o último jogo da Benfica e não prestou declarações ao jornalista da TSF; Marcelo, por sua vez, pediu a demissão do comissário da Expo 98, pela segunda vez nessa semana. Estas histórias, as ficcionadas claro, contam-se a certa altura, a meio do romance de Francisco José Viegas, «Um Crime na Exposição». Quando o li pela primeira vez, por volta de 2005, nada disto era percetível. Agora, na releitura, tudo se percebe, de como a realidade emita a ficção.