Se há um padrão nas festividades de carnaval deste ano, é o da tristeza. Os desfiles, quer sejam de samba ou de santos populares de junho, são uma demonstração do frete que é andar no corso, transformado há muito tempo em espetáculo de inverno pago para assistir. E o problema não é da austeridade, da crise ou da depressão gripal deste ano. É a morte do carnaval dito civilizado (o paradoxo mais evidente da sua morte), que destronou o entrudo como tempo de exorcização dos tempos negros do inverno e da espera dos tempos frugais da páscoa. Resta, para consolo, os caretos de Podence, na velha Trás-os-Montes, o entrudo chocalheiro que, para sobreviver, apresenta-se também como a velha tradição nos novos tempos do turismo de massas.