terça-feira, outubro 30, 2018

Algarve, livre de petróleo?

 
O consórcio GALP/ENI desistiu da exploração do furo de petróleo no Algarve. Após várias ações de luta da Plataforma Algarve Livre de Petróleo, do descontentamento de autarcas e populações e da providência cautelar aceite no Tribunal Administrativo de Loulé, cessa mais um dos negócios de exploração de hidrocarbonetos no país. Acontece que a utilização de combustíveis fósseis continua a disparar, seja  pela industrialização crescente dos países emergentes, seja pelo uso descontrolado da mobilidade automóvel. Como dizia uma colega minha num pequeno debate performativo: «Estamos muito contentes e somos contra a exploração de petróleo no Algarve, mas ele continua a ser explorado e a servir-nos, vindo dos países explorados do terceiro-mundo». Meditemos pois, em tempos de recordar o que foi o internacionalismo das causas, e o que tem sido a prática nacionalista das mesmas.
Nota: Este tema merece ser acompanhado aqui.

segunda-feira, outubro 29, 2018

Um PCP da esquerda ambiental


Domingo, fim de tarde na ria Formosa, no extremo sul da ponte rodoviária e pedonal da entrada na Praia de Faro. Uma faixa do PCP, identificada com o P de Português a cinzento, exigindo...(clicar na imagem para ler melhor). Um PCP patriótico e de esquerda, quer dizer o quê? Amigo do tráfego e da poluição de monóxido de carbono? Não só, amigo também dos passeios pedestres ao lado de bicicletas e automóveis. Pois claro! Assim se faz a revolução nacional.

quinta-feira, outubro 18, 2018

Condenados a aprender

Na mesa redonda sobre o papel da educação não formal na capacitação dos jovens, defendi a necessidade de encararmos a aprendizagem ao longo da vida como um processo de aprender permanente, no contexto da velha visão da UNESCO, pese embora o complexo social neoliberal desta modernidade. A minha proposta, foi a de encarar a educação não formal como uma modalidade educativa num complexo elástico entre o muito formal e o muito informal, recuperando, assim, o gueto em que se colocou a educação escolar (formal) e resgatando ao mesmo tempo a educação informal, criando, para o efeito, espaços e momentos educativos nas ruas, nas escolas, no trabalho, entre outros.
É preciso, como alguém disse (Almerindo Afonso), repensar a escola a partir do não formal e não o contrário.

quarta-feira, outubro 17, 2018

Capacitar os jovens?!

A convite da MOJU (Movimento Juvenil em Olhão) fui ontem participar no 'Seminário de boas práticas na intervenção com jovens', na Mesa Redonda sobre a importância da educação não formal na capacitação dos jovens. Lá encontrei antigas alunas e alunos, hoje colocados nos serviços públicos e privados da área da educação, a desempenhar e a desenvolver a sua aprendizagem pessoal e profissional.
A iniciativa insere-se na 9ª Semana da Juventude que decorre em Olhão de 15 a 19 de outubro. Para + informações clicar na palavra assinalada na primeira linha.

quinta-feira, outubro 11, 2018

Paulo Freire e Bolsonaro


O Brasil é um barril de pólvora. País enorme nas desigualdades sociais e na permanente luta de classes, de géneros e de gostos, está em permanente ebulição. Hoje, dominado pela tríade dos 3B (Boi, Bala e Bíblia), percorre um tempo de angústias com o horizonte da ditadura militar, tempos de fome, miséria e exílio que o regime dos militares impôs de 1964 a 1985. Conhecemos bem este mundo, ou não tivéssemos vivido a ditadura de Salazar e Caetano durante 48 anos. Por agora, e até ao segundo turno das eleições presidenciais, escutemos as palavras avisadas do pedagogo brasileiro Paulo Freire, na sua obra de 1996 (uma das últimas), Pedagogia da Autonomia, que estou lendo: «Não posso proibir que os oprimidos com quem trabalho numa favela votem em candidatos reacionários, mas tenho o dever de adverti-los do erro que cometem, da contradição em que se emaranham. Votar no político reacionário é ajudar a preservação do 'status quo'. Como posso votar, se sou progressista e coerente com minha opção, num candidato em cujo discurso, faiscante de desamor, anuncia seus projetos racistas?».
Belas palavras que deveriam ser escutadas pelos milhões de brasileiros que vão escolher entre o coiso e Haddad.

Atualização: O blog Ladrões de Bicicletas posta um excelente e informado texto de Brian Winter, no Americas Quartely, sobre o que esperar de Bolsonaro, aqui traduzido.

terça-feira, outubro 09, 2018

As praxes e o poder da academia


Sobre as praxes, e a violência sobre os direitos humanos que ela encarna, já muito se disse, como no último Expresso, nas palavras de Sérgio Sousa Pinto. Também as análises sociológicas mostram o carácter de discriminação, opressão e domínio de poder sobre o outro, por exemplo os ensaios do Centro de Estudos Sociais da universidade de Coimbra.
Sobre este aspecto escreverei mais tarde, mas por agora interessa dizer que a universidade é conivente com esta prática abjecta. A sua tolerância continua a existir porque, mesmo propondo-se alternativas pedagógicas, diretores e docentes apaparicam comissões de praxe não eleitas e estimulam essas práticas, comprando os votos dos estudantes nas eleições para órgãos de gestão.
Voltarei a este aspeto!

(Na foto: estudantes de educação social em atividade de intervenção comunitária na aldeia de Gorjoes na freguesia de Santa Bárbara de Nexe).

sábado, outubro 06, 2018

Praia da Amália



Pouca gente sabe onde fica e também não sou eu que vou dizer. Mas como por estes dias a câmara de Odemira homenageia a fadista que comprou terreno e construiu casa no Brejāo, ali perto da Zambujeira do Mar, será mais fácil encontrar o caminho. Curioso é saber que a cantora de Camões e O'Neill tentou comprar no Algarve e não logrou, afastando-se para norte, entre silvados e ribeiras, escondendo a casa e a pequena baía que lhe serviu de praia durante muito tempo. Poucos sabiam como lá chegar e mesmo em pleno agosto éramos dois ou três, na areia fina e na água fresca, mesmo ali perto da azenha em declínio.

quinta-feira, outubro 04, 2018

Cristiano Ronaldo fora da selecção

Era o que se esperaria. A federação de futebol não pode ignorar as acusações de assédio e violação sexual ao jogador, que correm nos tribunais americanos.
Nem o jogador se pode esconder por trás do véu mediático de que dispõe nos média e redes virtuais, tal como afirma Henrique Raposo no Expresso diário.
Nunca fui apaniguado da figura, quer seja pela forma de jogar, quer seja pela relação com a sociedade. No caso, parece que o dinheiro paga tudo: museus, hotéis, o disfarce da solidariedade etc. Também os impostos devidos em Espanha foram desmentidos, mas acabaram por ser pagos.
Agora, vamos ver se a acusação são fake news. Alguém acredita?