O postal ilustrado serve o espetáculo Paris, praia do Hawai, anunciado em outdoors no Algarve sem turistas. Dou comigo, deitado na areia da praia, em conversa amena com o meu amigo Vitor Bagu, provavelmente a galar as miúdas inglesas (sim, só estas) junto da bola de Nivea. Os calções tinha-os achado algures, novos, a toalha era barata, comprada nos tendeiros de Portimão, chinelos não se veem. E essa era toda a nossa indumentária. Reconheço mais amigos e conhecidos espalhados pela areia, a moda das toalhas de feltro dos hotéis e das esteiras chinesas andava longe. As sombras apontadas para noroeste mostram que o sol não estaria muito alto, talvez fossem 11 horas, tempo ideal para caminhar de casa à Praia da Rocha, na descida principal. A maré estava cheia, não parece, por que a praia já tinha sido assoreada pelas velhas dragas ronceiras. Não aposto, mas talvez o ano fosse 1972 e o mês, agosto, o céu azul, como nos contos de Teixeira Gomes.
Paris, praia do Hawai é "uma noite de dança, teatro e música ao vivo no coração palpitante do Algarve", concebida por Vidal, Amorim e Victorino, em exibição nos concelhos do Algarve Central. E o lema é esta imagem magnífica da Praia da Rocha, onde eu já estava a marcar presença. Paris espera-me, talvez no barrocal de S. Brás de Alportel, dia 31 (link).