Vale a pena ler a crónica de Vitor Malheiros, no jornal Público de terça feira passada. Para além de ser, e parecer, a vontade da grande maioria dos portugueses, de terminar com a austeridade e reconstruir um país socialmente aceitável, o artigo abre caminho a uma perceção cada vez mais clara: a necessidade da convergência das esquerdas. E digo-a no plural para se perceber qual é a minha posição.
Tenho a certeza de que uma maioria significativa dos portugueses deseja que, das próximas eleições legislativas, saia um novo governo que ponha em prática uma política que recuse o modelo austeritário, que defenda os interesses de Portugal na União Europeia e não os interesses dos nossos credores, que seja capaz de encontrar aliados na UE para combater as políticas europeias que põem em causa a democracia, a independência e o desenvolvimento nacional (a começar pelo Tratado Orçamental e pela TTIP-Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento), que combata de forma vigorosa as desigualdades e a pobreza, que promova uma educação e uma saúde de acesso universal, que defenda a ciência e a cultura, que combata os poderes ilegítimos e a corrupção, que promova o emprego e a dignidade do trabalho, que garanta um desenvolvimento social e ambientalmente sustentável, que permita enfim a todos os cidadãos uma vida decente numa sociedade democrática.