Espanha é
hoje, o palco onde se constrói uma outra forma de pensar e agir sobre a
realidade.
Pablo Iglésias veio a
Portugal participar numa iniciativa do BE, que antecedeu a sua convenção.
Nas grandes
finalidades e valores: defesa da justiça social, da dignidade das pessoas, do
combate aos especuladores e corruptos o PODEMOS e o BE têm toda a afinidade,
mas no resto, em quase tudo diferem.
O Bloco, o
PCP e mesmo alguns dirigentes do PS continuam a usar uma ferramenta (o
marxismo, só ou agregado de outros ismos, leninismo, maoismo, trotskismo...)
que não devendo ser desprezada, deveria já hoje conviver com outras abordagens,
capazes de construir as respostas necessárias para enfrentar o
liberalismo selvagem, sem regras nem valores com que hoje estamos confrontados.
Lendo e/ou
ouvindo a entrevista de Iglésias é percetível que estamos perante uma nova
abordagem que deixa de estar focalizada na luta de classes para fundamentar a
sua ação nos valores cujo centro são as pessoas: o direito a viver em
dignidade, a crescer tendo as mesmas oportunidades de
desenvolver competências e vocações, a construir e usufruir uma
sociedade em que prime a justiça social...
Devemos
entender esta abordagem, em que inclusive se questiona a arrumação dos
agentes políticos em esquerda e direita como um retrocesso? Ou
antes um avanço, que apesar do regresso num quadro político,
económico e cultural diferente, às referências da revolução francesa é
o que mais se adequa ao quadro cultural e desenvolvimento das sociedades, em
particular na Europa, não sendo certo que assim seja em todos os países?
Eu estou
convencido que em Espanha se está a ensaiar uma resposta e que com eles e
outros povos poderemos juntar forças para enfrentar a "besta".
[Joaquim M. Costa]