A nossa vida nas aulas tem destas coisas. Passamos pelos alunos e quase sempre nada fica, nem uma cara para recordar, palavras, cheiros, tempos de compromisso da aprendizagem colectiva. Tudo isto é algo que eu nego, tento evitar. Fui para o ensino superior já adulto e agora encontro muitos caminhos iguais aos meus, muito mais agora quando o ensino superior parece caminhar para servir mais os activos que os jovens do secundário em formação inicial. Claro que, por isso, não pretendo das aulas um mero receptáculo bancário para depositar conteúdos (ah velho Paulo Freire, como tu sabias), mas percebendo que esses são os momentos gloriosos da descoberta colectiva, plasmada entre todos. Este é o campo da troca de amizades, muitas vezes disfarçada da formalidade dos papéis de professor/aluno(a), no qual se descobrem os segredos dos melhores saberes para além das matérias das aulas (conceitos que evito). Vem isto a propósito de um poema que posto em baixo, de um aluno, que retirei de entre muitos outros, processados em computador, mas escritos por todo o lado, em toalhas de papel, por exemplo, quando vem o desejo inexorável da escrita. Aliás, isso é fortemente visível neste poema:
SAVIMBI E MATATEU
Savimbi e Matateu,
duas personagens importantes,
dois pretos importantes,
dois gatos importantes...
dois gatos pretos importantes.
*
SAVIMBI E MATATEU
Savimbi e Matateu,
duas personagens importantes,
dois pretos importantes,
dois gatos importantes...
dois gatos pretos importantes.
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