Ontem, em Loulé, realizou-se uma conferência sobre Casimiro de Brito, no âmbito da Capital da Cultura. Álvaro Manuel Machado traçou um excelente perfil da obra poética e literária do poeta, em torno da ideia central de pleno e de vazio, que considera serem as marcas filosóficas de Casimiro. Aproveitei essa deixa, no final da Conferência, para metaforicamente sublinhar o contraste entre a vasta e qualitativa obra do poeta e o número de pessoas na sala (6 e mais 3 pessoas da organização). Casimiro, sendo louletano, não é conhecido em Loulé. Aliás entre a terra e ele há ainda muita coisa por esclarecer. E, notoriamente, estamos perante um fenómeno de rejeição recíproca, muito mais por obra da terra do que pela obra do poeta. Sobre este assunto aliás, já publiquei uma coluna na Voz de Loulé, para a qual remetia para uma leitura detalhada a quem quisesse analisar o tema, aqui.
Mas a conferência teve outro dado esperado. Álvaro M. Machado assentou o ponto de partida poética do autor no movimento da Poesia 61, em Faro, em torno dos célebres "Cadernos do Meio Dia". Mantém-se ainda muito pouco conhecida, portanto, a experiência de Casimiro de Brito, em Loulé, onde em 1956 lançou a página literária "Prisma de Cristal" na Voz de Loulé, em torno da qual se juntaram Ramos Rosa, Gastão Cruz, Maria Rosa Colaço e outros. E foi no seio desta experiência pioneira e primacial que Casimiro de Brito escreveu e publicou os seus primeiros poemas e dirigiu os seus primeiros cadernos de poesia. Sobre este assunto pode ler o meu pequeno estudo no arquivo do Lobo.